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Rhodia investe em biomassa de olho em leilões de energia

O grupo químico internacional Rhodia começou a dar os primeiros passos para iniciar a operação de uma nova unidade de negócios no País: a de energia elétrica. Com um investimento de 70 milhões de euros, a companhia prevê gerar, a partir de maio de 2012, cerca de 70 MW de energia a partir do bagaço de cana-de-açúcar em acordo firmado com a Paraíso Bioenegia, da cidade de Brotas, interior do Estado de São Paulo. A usina fornecerá toda a palha para a unidade de co-geração em sistema de exclusividade.

“Esta é uma nova frente para nós, e o Brasil tem um grande potencial com toda a produção de cana-de-açúcar e etanol que existe por aqui”, afirmou o presidente da empresa para a América do Sul, Marcos De Marchi.

Segundo o executivo, a energia gerada a partir de 2012 ainda não tem um destino definido. Inicialmente, a ideia é ter a maior parte da eletricidade comercializada no sistema elétrico nacional; a planta da Paraíso também será abastecida com eletricidade e vapor provenientes da nova unidade. A companhia de origem francesa, porém, ainda avalia se o insumo poderá ser utilizado internamente, nos processos produtivos da Rhodia, colocado no mercado livre ou nos leilões de fontes alternativas promovidos pela Agência Nacional de Energia (Aneel).

“Essa nova unidade no Brasil já existe no exterior, é a Rhodia Energy Services. O investimento anunciado é um primeiro passo para consolidar essa unidade aqui”, comentou o executivo. “O volume que teremos capacidade de gerar alimenta cerca de 200 mil residências e estará disponível para nossas operações. Agora, se usaremos internamente ou se iremos vender, isso é uma questão de mercado que ainda precisa ser analisada quando a geração for iniciada, em 2012”, completou ele.

Até lá, De Marchi disse que a companhia irá continuar a crescer com a química, que está recuperando o fôlego perdido em 2009 por causa da crise internacional. No ano passado, a empresa, que vinha aumentando seu faturamento em índices médios próximos a 20%, manteve seus números no mesmo patamar de 2008.

“Entre 2004 e 2008 aumentamos nosso faturamento em 100% no Brasil, e neste ano retomamos a mesma direção”, disse ele, sem revelar números. “O crescimento neste ano não será de um dígito só”, resumiu De Marchi.

Das áreas em que a Rhodia atua, nenhuma apresentou performance muito superior à das demais. Segundo De Marchi, solventes, plásticos de engenharia, sílica e têxteis foram bem em razão do aumento do consumo interno. Além disso, a exportação da Rhodia para a América Latina, que representa 25% de toda a produção, apresentou bons números, “inclusive o México, depois de uma queda de 8% de seu PIB, tem apresentado uma boa performance”, completou. Para 2011 a perspectiva é de manutenção desse desempenho em função do crescimento da demanda industrial, estimado, inicialmente, em 5% ante o resultado deste ano.

Expansão

A indústria química brasileira deve faturar US$ 130,2 bilhões em 2010, crescimento de 29% na comparação com 2009 e de 6,6% ante 2008, segundo estimativa da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). Segundo o balanço, os produtos químicos de uso industrial devem registrar o maior faturamento entre os segmentos setoriais (US$ 63,8 bilhões), seguidos dos produtos farmacêuticos (US$ 19,9 bilhões), de higiene pessoal e perfumaria (US$ 13,8 bilhões) e adubos e fertilizantes (US$ 11,2 bilhões). De acordo com os dados, a produção brasileira cresceu 75% desde 1990, e 5,8% em relação a 2009. As vendas internas aumentaram 52,2% de 1990 para cá e 7,5% na comparação com 2009. A Abiquim estima que as importações devem chegar a US$ 25,1 bilhões até o fim do ano, contra US$ 23,5 bilhões em 2009. As exportações devem somar US$ 10,7 bilhões (contra US$ 10,1 bilhões em 2009), o que representaria um déficit do setor da ordem de US$ 14,4 bilhões.

A indústria química investiu US$ 2,5 bilhões em 2009. Os projetos aprovados ou em andamento somam US$ 11,9 bilhões. Em estudo, US$ 10,3 bilhões, enquanto os projetos de manutenção, melhorias de processo e segurança, meio ambiente e troca de equipamentos chegam a US$ 3,9 bilhões. Segundo o presidente da Abiquim, Bernardo Gradin, as empresas associadas devem começar a buscar soluções para os problemas que o setor enfrentará no próximo ano.

O executivo afirmou que é preciso acelerar os investimentos, pois, se isso não ocorrer, há risco de desabastecimento da indústria de base.