A Rhodia, maior consumidora de álcool químico do Brasil, fechou um contrato com a petroquímica Sipchem (Companhia Petroquímica Saudita Internacional), da Arábia Saudita, para construir uma fábrica de acetato de etila, utilizado pelas indústrias de tintas e vernizes. Nesse acordo, a companhia saudita investirá cerca de US$ 100 milhões para erguer a unidade e a subsidiária brasileira fornecerá a tecnologia, o etanol destinado à produção do insumo e ainda comercializará o produto final.
Ao Valor, Vincent Kamel, presidente global da divisão de solvente e fenol da Rhodia, contou que esse acordo faz parte do plano de internacionalização da companhia a partir do Brasil. Neste ano, o grupo anunciou uma reestruturação mundial, na qual o país passa a sediar duas das onze operações globais da multinacional. Além da área de solventes, o país responde por fibras (fios sintéticos).
A fábrica da Sipchem será construída na cidade de Jubail e deverá entrar em operação entre o fim de 2012 e início de 2013. A unidade terá capacidade de produção de 100 mil toneladas de acetato de etila/ano. Na composição desse insumo estão duas matérias-primas básicas – ácido acético, obtido a partir do gás natural, e o etanol para fins industriais.
Uma das principais petroquímicas do Oriente Médio, a Sipchem garante o fornecimento de ácido acético, uma vez que a região é uma das mais competitivas do mundo em gás natural. “Vamos garantir a transferência de tecnologia para a produção do produto, o fornecimento do etanol a partir do Brasil e vamos fazer a comercialização”, afirmou Kamel.
A expectativa é de que a Sipchem consumo cerca de 70 milhões de litros por ano de etanol para garantir sua produção local. O acetato de etila será negociado para para os países da Ásia e do Oriente Médio. Kamel afirmou que a Rhodia buscará a matéria-prima de várias usinas para garantir o fornecimento do álcool para a fábrica da Arábia Saudita. Atualmente a companhia está entre as maiores consumidoras de etanol para fins industriais do país.
Kamel, que está há cerca de um ano e meio no Brasil, assumiu o cargo de presidente global dessa divisão em julho, como parte do processo de reestruturação global da Rhodia.
Segundo ele, esse acordo feito com a Sipchem é o primeiro de vários que começam a ser costurados pela companhia química francesa, uma das maiores do mundo. O polo químico da Rhodia no Brasil, localizado em Paulínia (SP), disputa a liderança em volume com a matriz, na França.
Esta é a primeira vez que a Rhodia vai exportar a partir do Brasil a tecnologia de produção de acetato de etila. Segundo Kamel, a companhia está cada vez mais dedicada a colocar no mercado produtos que não agridam o ambiente. “Buscamos trabalhar com matérias-primas renováveis e nossa meta é lançar pelo menos um produto com esse conceito por ano”, afirmou.
A divisão de solvente e fenol da Rhodia do Brasil responde por cerca de 50% do faturamento da companhia no país, que no ano passado registrou receita de US$ 1,03 bilhão.