Açúcar e etanol

Revisão no consumo de Ciclo Otto indica crescimento de 3% em 2024 com aumento da participação do etanol hidratado

Projeções econômicas e o desempenho do setor de combustíveis leves destacam a queda na demanda por gasolina

Brasília - Postos de combustíveis ajustam os preços e repassam para o consumidor o aumento da alíquota do PIS e Cofins pelo litro da gasolina(Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Brasília - Postos de combustíveis ajustam os preços e repassam para o consumidor o aumento da alíquota do PIS e Cofins pelo litro da gasolina(Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O consumo de combustíveis leves no Brasil, em especial o Ciclo Otto, tem mostrado um desempenho robusto em 2024. De acordo com a StoneX, a estimativa de crescimento desse segmento foi revisada de 2,44% para 3,0%, com o consumo projetado para alcançar 59,0 milhões de metros cúbicos (m³) até o final do ano. Esse ajuste está em linha com um cenário econômico doméstico mais aquecido, como evidenciado pela revisão do crescimento do PIB brasileiro para 2,4% no último Relatório Focus, contra uma projeção de 2,1% em junho.

Entre janeiro e julho de 2024, a demanda por Ciclo Otto já registrava um crescimento de 3,5% em relação ao mesmo período de 2023, com destaque para os meses de janeiro, abril e julho, que apresentaram aumentos anuais de 9,5%, 9,2% e 7,8%, respectivamente. Esse desempenho reflete um aumento significativo no fluxo de veículos leves no país, impulsionado, entre outros fatores, pelo aumento no índice ABCR, que aponta uma alta de 2,2% no tráfego de veículos leves.

O consumo de etanol hidratado também tem sido um destaque em 2024, com uma projeção de 20,9 milhões de m³ até o final do ano, representando um aumento de 27,7% em comparação a 2023. O crescimento expressivo na demanda por etanol é particularmente notável nas regiões Norte e Nordeste, onde a participação do biocombustível tem sido incentivada por sua competitividade de preço. No Centro-Sul, o etanol hidratado representa 30,3% do consumo até julho e deve fechar o ano com uma participação de 29,3%, apesar da tendência de perda de força no último trimestre devido à expectativa de aumento nos preços do etanol e na paridade com a gasolina.

Por outro lado, o consumo de gasolina no Brasil está estimado em 44,4 milhões de m³ para 2024, o que representa uma queda de 3,6% em relação ao ano anterior. Essa retração é mais acentuada no Centro-Sul, com uma redução de 5,3% no consumo, enquanto no Norte-Nordeste a demanda se mantém estável, impulsionada por um crescimento mais acelerado do Ciclo Otto na região.

A possibilidade de um aumento na mistura de etanol anidro na gasolina também volta ao centro das discussões do setor. A elevação do percentual de 27% para 30%, por exemplo, demandaria 1,5 milhões de m³ adicionais de etanol anidro, enquanto um aumento para 35% exigiria 3,5 milhões de m³ a mais. Essa mudança poderia reduzir o preço da gasolina em até 7 centavos por litro e alterar a paridade entre os combustíveis, com impactos diretos sobre o mercado.

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