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Requião diz que Porto parou por irresponsabilidade de políticos

“Quando vi políticos locais com sindicalistas patronais em cima do mesmo caminhão, fazendo o mesmo discurso, ou seja, pedindo a intervenção no Porto de Paranaguá, tive a certeza de que estou no caminho certo”. A afirmação é do superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), Eduardo Requião, ao avaliar o movimento que paralisou as atividades portuárias em Paranaguá, desde a manhã de sexta-feira.

A fila de caminhões que formou-se ao longo da BR 277 em direção ao Porto de Paranaguá, já chega a uma extensão de 72 Km e só não é maior porque as entidades de classe dos motoristas mobilizaram a categoria, para que não se deslocassem com destino ao terminal. São cerca de 4 mil veículos estacionados no acostamento da rodovia, aguardando para descarregar mais de 100 mil toneladas no terminal paranaense.

Na outra ponta, no Porto, são mais de 50 navios que esperam para atracar e, deste total, 30 para receber grãos. A questão principal recai sobre a causa da excessiva concentração de navios e caminhões, já que existe carga suficiente para abastecer as embarcações e, mesmo assim, os veículos e os navios continuam parados, esperando.

Segundo estudos de logística realizados pela APPA estas esperas não deveriam acontecer da maneira como vem ocorrendo. Medidas administrativo-operacionais tomadas pelo Superintendente no início deste ano, apresentaram-se como a maneira mais eficaz de se minimizar e, até mesmo, solucionar a problemática.

Na prática, os caminhões carregados com grãos só deveriam ser destinados ao Porto com suas cargas comercializadas e os navios pré-determinados para receber o produto. Esta foi uma das formas encontradas pela administração do porto para agilizar o processo de descarga e carga, evitando o acúmulo de caminhões na BR e de navios na Baía. Mas, contrariando uma Ordem de Serviço assinada pelo dirigente portuário, as empresas que nominam (programam) os navios para atracarem no Porto, as operadoras portuárias, decidiram fazer um boicote à administração e a toda a atividade do terminal.

“É um crime, uma irresponsabilidade com os caminhoneiros, com a agricultura, com a economia do Paraná e com a credibilidade do Porto e do Governo do Estado. Vamos acionar judicialmente os responsáveis por esta perversidade, pelas perdas, muitas delas irreparáveis, que acometeram sobre o Estado, o Porto e as pessoas que fazem este porto funcionar”, disse Requião. Para ele, não há como entender como a maioria dos representantes dos trabalhadores avulsos se unam às entidades patronais, cerceando seu direito de trabalho”, completou.

Segundo o superintendente, o boicote dos operadores portuários instalado sobre o Porto é resultado de pressões sobre a administração e o Governo para a liberação dos embarques de soja transgênica e tem o objetivo de desmoralizar o Porto no mercado exterior, influenciando diretamente no preço do grão no comércio internacional e forçando a administração a cancelar a Ordem de Serviço que busca, conforme Eduardo Requião, a moralização do terminal público. “Trabalhamos dentro de limites e de leis. Não vamos burlar nossas prerrogativas em nome da concessão de benefícios perversos e vergonhosos”, afirmou o dirigente.

A paralisação das operações de descarga dos veículos e carregamento das embarcações fez com que mais uma vez, a APPA propusesse uma nova alternativa para agilizar a movimentação de produtos: dar preferência de atracação aos navios de grande porte para carregamento de grãos, o que diminuiria consideravelmente a fila de caminhões.

“Mais uma vez as empresas ligadas a multinacionais e a segmentos políticos que querem corromper a credibilidade desta administração negaram-se colaborar e, ao invés disso, mantiveram uma postura imoral e desrespeitosa aos motoristas que estão na BR, aos agricultores que venderam sua produção e aos trabalhadores que ganham por dia trabalhado, sem contar o impacto gerado sobre as atividades do Porto”, disse Eduardo Requião.

Estimativas da APPA dão conta de que cada dia parado representa, em média, que 75 mil toneladas deixaram de ser movimentadas, ou seja, que US$ 15 milhões deixaram de ser contabilizados. “Continuamos aguardando os responsáveis por estas perdas que retornem às suas atividades e permitam aos trabalhadores o direito ao trabalho. Paralelo a isso, mantemos nosso apoio aos caminhoneiros, que continuam em greve em busca do aumento do frete pago pela hora parada. Não admitiremos mais desrespeitos aos motoristas e aos trabalhadores, que estão sendo utilizados como massa de manobra em função de interesses políticos de pessoas em fim de carreira”, finalizou o Superintendente da APPA. (Fonte: ASSCOM – APPA)