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Representantes do "Farm State", nos Estados Unidos, prometem lutar contra o projeto de redução de tarifas para a importa

WASHINGTON (AP) – Os Representantes do “Farm State”, nos Estados Unidos, dizem que estão preparados para lutar contra toda tentativa de remover a tarifa de 54 centavos do ethanol importado, mesmo que a demanda para o aditivo esteja crescendo pelo fato das refinarias utilizarem mais dele na gasolina.

Nesta semana, em uma reunião sobre o Departamento de Energia com um grupo legislador bipartidário, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, deixou bem claro que seu desejo é estimular os fornecedores e tentar gerar mais importações.

O secretário do Departamento de Energia, Samuel Bodman, disse que embora o governo “continue estudando” maneiras de estimular as importações, inclusive a remoção da tarifa, “isto é prioritariamente uma discussão parlamentar”.

“O presidente incentivou o Congresso a estudar todas as alternativas para aumentar o suprimento disponível de ethanol, e nós continuaremos a cuidar deste outro assunto”, disse Bodman.

As companhias de petróleo atribuíram parte do recente aumento de preço da gasolina – 8 centavos o galão, de acordo com algumas estimativas – às refinarias, que substituem o MTBE (como um aditivo) pelo ethanol proveniente do milho.

Foi descoberto que o MTBE (metil tercil butil ether) polui a água, o que ocasionou várias ações judiciais. No verão passado, o Congresso exigiu uma ascensão do uso do ethanol a 4 bilhões de galões este ano e 7.5 bilhões de galões por volta de 2012.

A mudança repentina gerou uma preocupação às refinarias, referente ao estoque de ethanol e, por sua vez, gerou mais discussão sobre encontrar maneiras de aumentar as importações, que totalizaram em 135 milhões de galões no ano passado.

“O Congresso pode baixar os preços cortando a tarifa de importação do ethanol” afirma o representante de vendas John Shadegg, R-Ariz. Ele apresentou uma conta que suspenderia o imposto de importação de 54 centavos para o restante do ano.

O Congresso parece não estar disposto a alterar o imposto, que é fortemente apoiado pelos legisladores do “Farm State”, incluindo alguns dos mais poderosos em Capitol Hill. “É um passo na direção errada” disse o Senador Charles Grassley, da R-Iowa, na sexta-feira. Ele é presidente do Comitê de Finanças, que certamente cogitaria qualquer mudança na tarifa. “Isto mostraria que nós estamos abrindo mão de nossos próprios esforços para obter nossa independência energética”.

O Senador Democrata Max Baucus, D-Mont., disse também que uma mudança na tarifa seria um erro. O orador do parlamento, Dennis Hastert, R-Ill., cujo Estado tem o maior produtor de ethanol, Archer Daniels Midland, também se opõem à uma mudança na tarifa.

Se a administração tentar mudar a tarifa por conta própria, estará procurando por uma boa briga no Congresso” diz o Senador Byron Dorgan, D-N.D, cujo Estado é um outro centro de produção de ethanol.

O Senador Pete Domenici, R-N.M., disse que na Casa Branca e em alguns lugares no Congresso “há um sentimento positivo” em encontrar maneiras de conseguir mais importações de ethanol, mas “nada está definido”.

O país líder em produção de ethanol é o Brasil, que, presume-se, poderia ser a fonte para mais provisão. Mas o Brasil tem preocupações próprias referente ao suprimento de gasolina e não está muito certo de quanto combustível adicional poderia fornecer.

Muitos peritos em energia acreditam também que as preocupações sobre o ethanol são temporárias e que os problemas tiveram menos a ver com a falta do aditivo do que com outros fatores associados à mudança.

Isto “requer mudanças no decorrer do abastecimento, diferentes fornecedores, diferentes meios de transporte e diferentes combinações. Normalmente, uma mudança como esta é feita em diversos anos”, diz o consultor Daniel Yergin da Cambridge Energy Research.

Yergin prevê que a transição – e algum impacto resultante do preço – do deslocamento de ethanol provavelmente deve terminar antes do verão.

“No momento parece que não temos problema algum”, disse Charles Drevna, vice-presidente executivo da National Petrochemical and Refiners Association (Associação Nacional de Petroquímica e Refinarias). Ele disse que o grupo não tomou nenhuma posição sobre a tarifa de importação do ethanol.

A indústria do ethanol diz que há uma fartura do combustível e que ainda tem mais a caminho, com a nova safra deste ano. “Nós não necessitamos de um aumento nas importações”, disse Matt Hartwig, porta-voz da Renewable Fuels Association (Associação de Combustíveis Renováveis), que representa os produtores americanos de ethanol.

Hartwig disse que este ano serão produzidos quase 5 bilhões de galões do ethanol e que a capacidade da indústria está estimada a se aproximar dos 6 bilhões de galões até o fim do ano, mais do que o suficiente para satisfazer a demanda das refinarias.