Mercado

Representante da CNA diz que há interesse estrangeiro na regularização do transgênico no Brasil

Os agricultores brasileiros desconfiam haver interesses estrangeiros por trás das pressões para liberar no país a produção de alimentos geneticamente modificados. Segundo o presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Macel Félix Caixeta, os maiores produtores mundiais de soja, hoje estão perdendo terreno para o Brasil, que ainda tem boa parte da sua lavoura sem alterações genéticas. “Acredito que existam interesses externos porque nós estamos em situação privilegiada. Eles estão em desigualdade com o mercado. No mundo de hoje, temos de ter cuidado com o mercado porque a exigência de produtos rotulados é muito grande”, disse.

Caixeta diz que os agricultores nacionais não são contrários às plantações de transgênicos, mas avaliam ser necessária a obrigatoriedade de rotulagem desses produtos. “Somos a favor da rotulação, tanto da produção de transgênicos como não transgênicos”, disse. Segundo ele, a produção de alimentos orgânicos (livres de agrotóxicos) está avançando mais em Goiás, por exemplo, que é o quarto maior produtor de soja do país.

O fazendeiro José Alves de Almeida, que produz soja e milho em cerca de 200 hectares, no município de Itaberaí, distante 95 quilômetros de Goiânia, entende que os produtos brasileiros que estão livres de alterações genéticas, deveriam custar mais no exterior. “Eles devem pagar mais para ter a soja comum porque ela custa mais caro. Eles têm dinheiro e podem pagar pelo produto melhor. Nós estamos aqui para plantar”, afirmou. O fazendeiro avalia que se a sua lavoura fosse de milho e soja transgênicos, os gastos de produção caíriam em pelo menos R$ 10 mil mensais, com a economia que iria fazer com a compra de herbicidas.

Já o usineiro Otavio Lage Siqueira, diretor-presidente da segunda maior usina de açúcar do estado, em Goianésia, a 170 quilômetros de Goiânia, diz que ainda há muito preconceito aos produtos transgênicos no país. “A gente não tem ainda uma segurança do que virá a ser o produto transgênico em nossa lavoura. O serviço de Saúde dos EUA está abrindo mercado para a produção, e eles são os mais exigentes do mundo, muitos medicamentos que usamos aqui, eles não deixam usar lá”, disse.

Os Estados Unidos são, hoje, os maiores produtores mundiais de soja, seguidos pelo Brasil e pela Argentina. Na avaliação de Siqueira, os produtores nacionais deveriam ter a opção de produzir o que consideram mais adequado, legalmente. “Ainda estamos sendo movidos por muita paixão e aversão pela novidade”, afirmou.