As usinas de cana-de-açúcar tendem a novamente ter remunerações positivas com a venda de etanol nesta temporada 2014/15. Traders estimam que a cotação média do etanol hidratado, utilizado diretamente no tanque dos veículos, poderá ser nesta temporada até 10% mais alto do que na média da safra 2013/14.
A valorização não deve se limitar ao período de safra, segundo especialistas. Novamente, as usinas que carregarem o produto para vender a partir de dezembro – ou seja, início da entressafra – tendem a obter altos ganhos.
O que explica a previsão de alta na remuneração é a expectativa de que, após as eleições, em novembro, haja um reajuste do preço da gasolina, de acordo com o presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari. “A defasagem do preço interno da gasolina na refinaria com as cotações internacionais está na casa de 20%, o que mantém uma pressão muito forte sobre o caixa da Petrobras”, afirma ele. Por isso, Nastari crê na possibilidade de reajuste a partir de novembro – que, se concretizado, favorecerá a competitividade do etanol.
Nesta última entressafra, encerrada em 31 de março, o etanol hidratado já trouxe ganhos às usinas que adotaram a estratégia de carregar estoques. O volume “carregado” para a entressafra – entre dezembro de 2013 e março deste ano – foi 20% maior do que no mesmo intervalo do ciclo anterior, segundo dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).
No caso do hidratado, os preços foram na última entressafra, pelo menos, 12% mais elevados do que no mesmo período da temporada 2012/13. Em março deste ano, por exemplo, os preços do etanol hidratado chegaram a estar 15% mais valorizados do que em março de 2013.
Já para o período da atual safra, a estimativa mais pessimista do mercado prevê um preço médio de R$ 1,30 por litro (sem frete e sem impostos), o que significa alta de 7,3% em relação à média do ciclo passado (R$ 1,2141). As projeções mais otimistas projetam um preço médio de R$ 1,338 por litro, 10,2% acima da média da safra passada.
As estimativas se baseiam numa projeção de produção estável e consumo crescente. A Unica prevê que a produção de etanol do Centro-Sul vai aumentar apenas 1,2%, para 25,8 bilhões de litros. Já o consumo de combustíveis (gasolina C e etanol hidratado) já está, neste primeiro trimestre do ano, 11,5% maior, em 13,5 bilhões de litros.
(Fonte: Fabiana Batista – Valor Econômico)