Os preços do açúcar deverão se manter em alta pelo menos até o ano que vem, por conta da queda na produção da União Européia. A queda da produção de açúcar da UE deverá contribuir, pelo quarto ano consecutivo de déficit na relação oferta/demanda, segundo o relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O preço do açúcar demerara alcançará a cotação média de US$ 385,80 por tonelada (17,5 centavos de dólar por libra-peso) no ano comercial que se iniciará em outubro, segundo relatório da OCDE, em conjunto com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, pelas iniciais em inglês).
Em Nova York os contratos futuros de açúcar demerara subiram 81% nos últimos 12 meses, atingindo a média de 14,04 centavos de dólar por libra-peso. Os preços do açúcar têm aumentado num momento em que a UE reduz sua produção de beterraba (a partir da qual é fabricado o açúcar no bloco de países), abrindo caminho para que as importações de açúcar disparem mais de 75% até 2015, segundo o relatório.
A UE está reduzindo os preços de garantia do açúcar pagos aos agricultores para poder cumprir uma decisão adotada no ano passado pela Organização Mundial do Comércio (OMC). A expectativa é de que os preços mundiais do açúcar aumentarão ainda mais no ciclo 2006/07, à medida que o consumo mundial superar a produção pelo quarto ano consecutivo, informou o relatório. Após isso, espera-se que os preços recuem, uma vez que a produção mundial de açúcar aumentará em reação ao período de alta dos preços. Os preços do açúcar refinado (ou branco) também subirão, segundo o relatório, alcançando a média de US$ 418,90 a tonelada no ciclo 2006/07. O açúcar branco aumentou 75% em Londres nos últimos 12 meses, atingindo a média de US$ 373,74.
Apesar disso, até o ano de comercialização de 2015/16, o açúcar demerara terá recuado para a cotação de US$ 263,50 por tonelada e o açúcar refinado terá caído para US$ 307,50 por tonelada, informou o relatório.
Os preços da commodity também subiram devido à especulação de que uma quantidade maior de cana-de-açúcar, sobretudo no Brasil, será canalizada para a fabricação de álcool combustível.
Prevê-se que as exportações de açúcar do Brasil crescerão 4% ao ano até 2015, o que representa um recuo da taxa de crescimento anual de 12% registrada entre 1996 e 2005, segundo o relatório. As exportações brasileiras também poderão desacelerar à medida que mais terras de cultivo forem empregadas para a criação de gado e a produção de oleaginosas, disse Loek Boonekamp, chefe da divisão de comércio e mercados do departamento de agricultura da OCDE em Paris.