Henri Phillipe Reichstul, ex-presidente da Petrobras, trabalha na criação de um megafundo de investimentos para entrar pesado no mercado brasileiro de álcool. Segundo afirmaram ao Valor fontes familiarizadas com a operação, Reichstul já levantou no mercado internacional cerca de US$ 2 bilhões para injetar no segmento e avalia realizar os futuros aportes do fundo na região Centro-Oeste do país.
Para trabalhar em sua equipe, Reichstul contratou o executivo Rogério Manso, ex-diretor da área de abastecimento, refino e comercialização da Petrobras. A estatal confirmou que o executivo pediu desligamento no início deste mês para trabalhar na iniciativa privada. Manso é visto como um “peso pesado” na área de combustíveis, e por isso sua participação é considerada estratégica para os planos de Reichstul para o país e para o exterior.
Reichstul não está sozinho na empreitada. Conta com a parceria do americano de origem indiana Vinod Khosla – um dos fundadores da Sun Microsystems e sócio da firma de capital de risco Kleiner Perkins Caufield & Byers – e de outros investidores estrangeiros interessados em apostar no segmento sucroalcooleiro. Khosla é conhecido como um dos principais investidores de risco do Vale do Silício, além de ser um simpatizante de investimentos na área de bioenergia. Procurado pela reportagem, a assessoria de Khosla informou que o empresário preferia não comentar o assunto.
O Valor apurou que o fundo administrado por Reichstul deverá investir no futuro em pelo menos dez destilarias de álcool, com um aporte equivalente ao valor captado até agora (US$ 2 bilhões). “O fundo está de olho em oportunidades no Mato Grosso e em Goiás”, afirmou uma fonte do ramo. Além de atuar na produção de álcool, também pretende operar como trading no país.
A entrada de fundos e grupos de investimentos no setor sucroalcooleiro é um movimento recente. O primeiro a fazer investimentos no país foi o grupo Infinity Bio-Energy, com capital aberto na bolsa de Londres em maio de 2006. A entrada do Infinity no país foi por meio de um outro fundo, o americano Kidd & Company, que depois foi incorporado ao grupo e que possui aproximadamente US$ 800 milhões para investir. Entre os investidores do Infinity estão Merrill Lynch, Stark e Och-Ziff Management, que juntos somam 10% de participação na companhia.
No fim do ano passado, um outro grupo de investidores europeus e brasileiros anunciou a criação da CEB (Clean Energy Bio-Energy), também com ações negociadas na bolsa de Londres desde o dia 18 de dezembro. À época da abertura de seu capital, a CEB levantou 200 milhões de libras esterlinas, montante que deverá ser aplicado em usinas de açúcar e álcool no Brasil. O grupo está em negociação para adquirir o controle da usina paranaense Usaciga e quer moer 30 milhões de toneladas de cana nos próximos anos.