A região de Ribeirão Preto abriu 7.124 vagas de empregos em fevereiro, desempenho amplamente positivo diante do mesmo período em 2009, quando o saldo em fevereiro ficou negativo em 68 postos.
Os dados abrangem 53 cidades da região com informações disponibilizadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
No ano passado, a economia ainda absorvia os efeitos da crise mundial que havia estourado três meses antes, e a perspectiva para os meses seguintes era pessimista. Cenário diverso do atual, quando o crescimento da economia brasileira é projetado em pelo menos 5%.
Em fevereiro, o destaque da economia regional foi a indústria de transformação. Somente nas dez maiores cidades da região o setor gerou 4.428 vagas. A cidade com melhor desempenho foi Franca, onde a diferença entre demissões e contratações ficou em 2.708 empregos -a indústria foi responsável por 2.343 deles.
Para o diretor regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Franca, Saulo Pucci Bueno, as fábricas da cidade, com destaque para as calçadistas, vivem um período de recuperação.
“O ano passado foi um ano de ajustes, houve enxugamento da produção, acerto de preços, modelagem e volumes. O que está acontecendo agora nas linhas de produção é a retomada esperada, suave e sem exageros”, afirmou Bueno.
Para a indústria calçadista, o objetivo é retomar o nível de empregos de 2008, segundo o presidente do Sindifranca (Sindicato das Indústrias de Franca), José Carlos Brigagão.
A situação de Franca é a mesma de outras cidades que sofreram com o corte de postos de trabalho na indústria durante a crise e agora tentam retomar os níveis da produção de 2008, quando a economia estava aquecida, segundo o professor da FEA-RP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade), da USP, Rudinei Toneto Júnior.
“O nível de investimento da indústria só voltou a crescer no último trimestre do ano passado. Isso deve ter se esparramado por outros setores agora”, afirmou Toneto Júnior.
Além de bens de consumo, como os sapatos de Franca, o setor sucroalcooleiro, um dos motores da região, também apresentou recuperação no emprego nos dois primeiros meses do ano.
No ano passado, empresas do setor sucroalcooleiro enfrentavam escassez de crédito e parte das usinas tinha dificuldade para investir na safra, o que fez diminuir a geração de emprego, disse Toneto Júnior.
Em fevereiro deste ano, municípios que abrigam unidades de açúcar e álcool estiveram entre os que mais criaram empregos na região -casos de Pontal (2.002), Jaboticabal (977) e Pitangueiras (609).
Para Toneto Júnior, a tendência é que o nível de emprego continue a crescer em 2010, com a indústria liderando a criação de vagas. O movimento deve beneficiar diretamente Ribeirão, cuja economia está voltada para a prestação de serviços e o comércio, disse ele.