Mercado

Reforma do açúcar na UE pode prejudicar países mais pobres

O Brasil e outros produtores com baixos custos vão se beneficiar com a reforma das políticas do setor de açúcar da União Européia à custa das nações mais pobres do mundo, declarou um grupo de produtores de açúcar dos países em desenvolvimento nesta terça-feira.

Neste mês, a Comissão Européia propôs mudanças na política que rege o setor de açúcar do bloco, recomendando uma redução expressiva dos preços, em um regime que não sofre alterações há 35 anos, quando entrou em vigor. De forma geral, a produção de açúcar do bloco deve cair, assim como os subsídios de exportação.

Com o corte drástico dos preços, o grupo que representa os produtores dos 27 países menos desenvolvidos do mundo (LDC) disseram que será um desastre para as nações que estavam esperando desfrutar de altos preços e de um acesso maior à Europa sem tarifas, sob a iniciativa do programa Everything But Arms (EBA).

“Os países mais pobres do mundo vêm sendo, mais uma vez, os perdedores, para o benefício dos produtores com os maiores e os menores custos de produção”, declarou o grupo.

O EBA foi adotado em setembro de 2000 para liberar as importações feitas pela União Européia de todos os produtos, com exceção das armas, vindos de países pobres. As importações de açúcar devem crescer em 15 por cento ao ano até 2008/09, sobre as 74.185 toneladas registradas em 2001/02.

A liberação total não terá efeitos até 2009/10. Sob as regras do EBA, países menos desenvolvidos, como Burundi, Nepal e Somália, finalmente terão acesso livre de tarifas ao mercado europeu de açúcar de 2006 a 2009, conforme explicou o grupo.

Isso permitirá que a indústria desses países gere retorno suficiente para atrair os investimentos necessários para melhorar o setor, mas não a preços mais baixos do que os atuais.

“Se as propostas da comissão forem aprovadas, os produtores do grupo LDC terão, em 2006, as portas abertas para o mercado europeu de açúcar, mas vão descobrir que a maior parte dos benefícios (do acesso a esse mercado) não existirá mais”, disse o comunicado.