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Reforma do açúcar da UE é limitada, mas bem-vinda - Austrália

A Austrália recebeu bem a decisão da União Européia em reformar a política açucareira do bloco, que é fortemente subsidiada, antes da Rodada de Doha em Hong Kong no mês que vem.

Ministros da Agricultura da União Européia chegaram na quinta-feira a um acordo para reduzir os preços de garantia em 36 por cento em quatro anos. A taxa básica de compensação a ser paga a produtores de beterraba que decidirem abandonar a atividade será de 64,2 por cento da perda de receita gerada pela redução dos preços.

O acordo deve retirar milhões de toneladas de açúcar subsidiado do mercado mundial e sustentar os preços internacionais, afirmou Ron Mullins, administrador geral do grupo industrial Canegrowers.

O Brasil, maior produtor mundial de açúcar, afirmou que o acordo é um avanço importante em direção à liberalização comercial.

“A reforma de açúcar da UE não é exatamente como esperávamos, mas atende a algumas de nossas expectativas”, disse Mullins.

A Austrália gostaria de uma reforma mais rápida do que o período de quatro anos proposto, e está receosa de que o novo sistema de reforma da UE possa gerar excesso de açúcar para exportação em alguns anos, disse ele.

“Estamos otimistas de maneira cautelosa sobre o impacto dessas mudanças nos preços mundiais do açúcar a longo prazo”, acrescentou.

Os preços internacionais do açúcar vêm se mantendo em níveis próximos de mínimas de muitos anos, mas têm registrado fortes altas nos últimos meses, em parte na expectativa da reforma da UE, e em parte porque os altos preços do petróleo têm desviado parte maior da safra brasileira de cana para a produção de álcool.

O ministro do Comércio da Austrália Mark Vaile considera o anúncio da União Européia como um passo positivo do bloco no cumprimento de uma decisão da OMC, que deve ser atendida a partir de 22 de maio de 2006.

O acordo europeu foi fechado após uma decisão da OMC no começo deste ano a favor de uma queixa levada ao órgão por Brasil, Austrália e Tailândia, que consideravam ilegais as exportações de açúcar subsidiado da UE.

Com o acordo, Mullins acredita que o resultado a médio prazo será uma redução de 20 por cento em volume pelos produtores europeus em geral.