Basta uma pressãozinha que o governo faz alguma coisa pelas montadoras. Elas estavam com os pátios cheios, o que gerava prejuízo, mas poderiam ter reduzido os preços, não pedir ao governo que baixassem os impostos.
O melhor seria uma revisão geral dos impostos no país, para saber onde estão incidindo de maneira perversa, pesando mais sobre quem tem menos, analisar que tipo de incentivo está se dando quando se coloca ou tira o imposto.
O governo anunciou a redução do IPI dos automóveis, mas poderia ter olhado para o que está acontecendo com a indústria do etanol, que está em crise. Não vê isso e faz um incentivo para inglês ver ao carro flex, por exemplo, para mostrar que está fazendo alguma coisa favorável ao meio ambiente próximo à Rio +20. Mas esse é só um lado da questão.
Há superendividamento na carteira de veículos, aumentou muito o atraso com mais de 90 dias.
Também há mais dinheiro para o BNDES, que passou a viver de mesada do Tesouro. Ele manda um cheque de alguns bilhões, e o banco repassa-o a juros negativos. Uma bola de neve está se formando com o uso excessivo dos bancos públicos; uma política industrial equivocada que não olha os fatores estruturais da perda de competitividade do Brasil.
Os pacotes têm como objetivo principal ajudar a indústria automobilística, que reclama quando o dólar está alto, quando os pátios estão cheios. Agora, não apenas o Ministério da Fazenda faz a vontade das montadoras, mas também o BC, que reduziu o compulsório de forma direcionada. Liberou R$ 18 bi, desde que os bancos utilizem esse dinheiro para financiar a compra de veículos. Não faz sentido.
Reduzir impostos e compulsório está certo, mas não é correto fazer isso só para o setor automobilístico. Como se a indústria não tivesse outros segmentos. E não cola o argumento de ser uma cadeia, de afetar outras empresas, porque essa não é a única indústria integrada.
Em vez de sair distribuindo uma vantagem para cada setor, seria melhor olhar a economia como um todo. O governo continua distribuindo benefícios só aos escolhidos. O campeão deles é a indústria automobilística.