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Reajuste da gasolina eleva IPCA-15 para 0,5%, preveem analistas

Reajuste da gasolina eleva IPCA-15 para 0,5%, preveem analistas

O reajuste de 3% da gasolina que passou a vigorar no dia 7 de novembro ainda deve ter impacto moderado sobre o IPCA-15 de novembro, a prévia do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, mas deve contribuir para que o índice volte a se acelerar na passagem mensal.

De acordo com a média das projeções de 19 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, o IPCA-15 subiu 0,5% em novembro, alta mais forte do que o avanço de 0,42% registrado pelo índice oficial de inflação em outubro. As estimativas para a prévia do IPCA, a ser divulgada amanhã pelo IBGE, vão de alta de 0,44% até 0,58%.

Se confirmada a estimativa média dos economistas, o IPCA acumulado em 12 meses deve passar de 6,59% em outubro para 6,55% na leitura parcial de novembro, terceiro mês consecutivo que o IPCA-15 fica acima de 6,5%. Com o aumento de combustíveis e pressões sazonais, como alta de passagens aéreas e aumento de alimentos e bebidas, economistas avaliam que a inflação só deve voltar ao intervalo permitido pelo regime de metas em dezembro.

Adriana Molinari, da Tendências Consultoria, avalia que boa parte da aceleração esperada para a inflação entre outubro e a prévia de novembro, para a qual a economista estima avanço de 0,58%, deve vir de transportes. Adriana estima que esse grupo deve deixar alta de 0,39% no mês passado e avançar 0,81% agora. O reajuste de 3% da gasolina autorizado pela Petrobras no início do mês deve responder por parte desse aumento, afirma a economista, que estima alta de 1,2% para os combustíveis. “O etanol também tende a subir, por causa do período de entressafra e da própria alta da gasolina.”

Outra pressão, diz Adriana, virá de passagens aéreas, que costumam subir nesta época do ano por causa da proximidades das festas de fim de ano. A Tendências estima alta de 12%, após avanço de 1,94% em outubro.

Além de transportes, a alimentação também voltar a registrar aceleração na passagem mensal, por motivos sazonais. Em relatório, a equipe de pesquisa econômica do Itaú estima alta de 0,46% do IPCA-15 em novembro, com contribuição relevante, de 0,17 ponto percentual, do grupo alimentação e bebidas.

Para Alexandre de Andrade, economista da GO Associados, além da pressão de carnes e derivados de leite, já observada nos resultados anteriores, agora são os alimentos in natura que devem voltar para terreno positivo e pressionar o grupo. Após alta de 0,46% no mês passado, o economista estima que os alimentos e bebidas tenham variação positiva de 0,55% nesta leitura. “Além da sazonalidade, há certa influência climática, com as frutas mostrando variações bem elevadas.”

Adriana, da Tendências, avalia que a baixa ocorrência de chuvas observada na segunda metade deste ano ainda não parece ter gerado problemas mais relevantes sobre a oferta. “Os produtos in natura estão em queda desde julho, então é natural que tenha alguma recomposição agora”, afirma.

A economista avalia ainda que as carnes devem ter um período de desaceleração a partir de novembro, com o início do período de abate, o que pode ajudar, em certa medida, a compensar a alta esperada para tubérculos e verduras. O risco, diz, é que a evolução de preços no atacado tem sido menos favorável do que se imaginava. As exportações seguem firmes, o que não contribui para a desaceleração de preços domésticos.

Os economistas ainda mencionam vestuário e habitação como outros fatores de pressão para o IPCA no mês. “Temos alguns reajustes autorizados para novembro e o grupo também tem se mostrado mais pressionado nas leituras do índice de inflação da Fipe”, diz Andrade, da GO Associados, que espera alta de 0,72% de habitação no IPCA-15.

Em função desses fatores, o economista estima que o IPCA vai continuar a avançar até o fim do ano. Andrade estima alta de 0,6% do índice em novembro, com viés de alta, e de 0,7% no último mês do ano. Nessa conta, diz, a inflação encerraria o ano em 6,5%, exatamente no limite da meta perseguida pelo Banco Central, de 6,5%.

Adriana, da Tendências, também projeta IPCA de 6,5% ao fim de 2014. Após o reajuste de combustíveis, que deve adicionar 0,13 ponto percentual para a inflação deste ano, a economista revisou sua estimativa, que anteriormente era de alta de 6,4%.

A desvalorização recente da taxa de câmbio, diz, por enquanto não é um risco muito relevante, porque já está “na conta” -a Tendências trabalha com dólar a R$ 2,58 ao fim deste ano. “O risco é o câmbio se aproximar de R$ 2,70, ou uma evolução pior do que esperado dos alimentos in natura, por causa da instabilidade climática”, afirma Adriana.

Fonte: Valor Econômico