Mercado

Ranking com poluição de carro a álcool indigna canavieiros

A divulgação pelo Ministério do Meio Ambiente do ranking dos automóveis mais poluentes do país causou indignação no setor sucroalcooleiro. Isso porque entre os 15 mais poluidores estavam oito movidos a álcool, considerados, até então, um combustível limpo -segundo a própria propaganda da União, que tenta quebrar as resistências ao combustível no mercado mundial.

“Se fosse correto [o levantamento], prejudicaria o setor, mas não é”, disse o usineiro e consultor do setor Maurilio Biagi Filho, que viu na divulgação do ranking “uma trapalhada”. O erro do levantamento, segundo ele, foi não ter considerado como fonte de poluição o gás carbônico, justamente o elemento apontado como grande vilão do efeito estufa e do aquecimento global.

Como há no mundo, de acordo com Biagi, um lobby contra o etanol brasileiro, a divulgação pode servir como munição para os que combatem o produto. Para a classificação foram consideradas as emissões de monóxido de carbono, hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio, que não contribuem para o efeito estufa, mas causam danos à saúde.

Envolvido com estudos sobre o etanol há mais 40 anos, Francisco Nigro, ex-diretor do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e pesquisador da Escola Politécnica da USP, considera que os dados do ranking são “válidos”, mas são só “um lado da história”.

“Uma avaliação ambiental correta é muito mais ampla. Pegaram um detalhe e tentaram fazer um ranking, que é apenas uma parte do todo.”

Ele questiona o fato de os carros avaliados serem novos, o que não leva em conta o desgaste dos catalisadores, que é bem maior nos a gasolina. Em nota, a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) disse que a divulgação serviu principalmente para confundir.