Dedini instala primeira usina de biodiesel associada a usina de álcool no Mato Grosso. Está em andamento a instalação nova usina brasileira de biodiesel. Contrato assinado entre a Dedini S/A Indústrias de Base e a Usina Barrálcool S/A, de Barra do Bugres (MT), prevê a instalação em sete meses de usina de biodiesel, a partir de óleos vegetais, etanol ou metanol. A tecnologia escolhida proporciona elevado grau de flexibilidade na escolha das matérias-primas. Além de uma boa variedade de grãos (soja, girassol ou amendoim), o processo de produção pode ser completado com etanol ou metanol, informa José Luis Olivério, vice-presidente de Operações da Dedini.
Esse é o terceiro projeto executado pela indústria de base. A primeira experiência foi a instalação de usina de biodiesel a partir do óleo de palma, para a Agropalma, do Grupo Farias. O projeto foi concluído e a usina já está em operação. A Dedini, em cooperação com a DeSmet Ballestra Óleo, desenvolveu o primeiro projeto de produção de biodiesel a partir do sebo, para o Grupo Bertin. A planta prevê o processamento de 100 mil toneladas de sebo por ano e deverá começar suas atividades em junho de 2006.
Para o presidente da Usina Barrálcool, João Petroni, usar metanol para produzir biodiesel por uma usina, cuja principal atividade é o álcool é impensável. “Seremos totalmente ecológicos”, afirmou. Petroni se refere à utilização de biomassa para a produção de vapor para mover a usina e produção de energia elétrica, que é transmitida pela rede pública.
A experiência do biodiesel segue um rota percorrida nos últimos 40 anos de um paulista de Birigui, que se transferiu para o Mato Grosso e, cujos negócios crescem no mesmo ritmo da atividade econômica desse Estado. Segundo afirmou, é uma aventura, mas calculada e, de acordo com as suas contas, de risco reduzido.
Desafio para matuto
“Aderimos a esse projeto porque somos matutos”, afirmou o usineiro, se referindo aos sócios. Para Petroni, matuto não define apenas quem vive no mato, mas o homem astuto, sabido, que sabe enfrentar desafios. A certeza do sucesso, no entanto, está baseada em indicativos bem precisos. Quase toda a produção, que deverá ser iniciada em julho de 2006, será vendida à Petrobras e demais distribuidoras de combustíveis. O mercado deverá ser comprador, uma vez que a partir de janeiro entrará em vigor o programa federal de biodiesel, que prevê o acréscimo de 2% de biodiesel ao diesel consumido em todo o País. Será uma rota já conhecida para as distribuidoras de combustíveis, uma vez que 80% da produção da usina, é álcool. A Barrálcool está situada no município de Barra do Bugres, a 170 quilômetros de Cuiabá. A usina processa 2,2 milhões
de toneladas de cana por ano. A diretoria da Barrálcool também fechou um acordo com o governo federal, que prevê a compra de grãos de assentamentos e de agricultores familiares. Com isso, obteve o selo social e ainda submetido a condições tributárias favorecidas, ou que significa que pagará menos imposto do que se utilizasse matéria prima própria. A usina também utilizará produção própria de soja, já que a cultura é recurso usado para a renovação das lavouras na proporção de 20%, uma vez que teoricamente o ciclo vegetativo da cana é de cinco anos.
Integração
A usina de biodiesel da Barrálcool é a primeira anexa a uma usina de álcool e açúcar. Segundo Olivério, a composição proporciona uma perfeita integração energética. O projeto, com custo orçado em R$ 25 milhões, permite o aproveitamento de outras facilidades existentes no complexo industrial. Segundo o diretor da Dedini, por essa razão que o custo da instalação da usina é extremamente baixo. Segundo Olivério, custará 25% menos.