Além do efeito das medidas de liberalização comercial na agricultura, tratadas no âmbito da OMC, os produtores europeus de açúcar também vão perder mais terreno com o programa “Tudo Menos Armas” – uma exceção aberta dentro da superprotetora Política Agrícola Comum, com o objetivo de ajudar os 50 países mais pobres. Lançado em 2001, o programa prevê a abertura progressiva de mercado para as nações menos desenvolvidas até que, em 2009, estejam isentas de cotas e tarifas para exportar seus produtos para a Europa.
A iniciativa será mantida mesmo após a reforma da política agrícola da União Européia. “Se eles acabassem com esse programa, os países que se beneficiam dele não teriam condições de sobreviver”, diz Júlio Maria Borges, diretor da Job Economia e Planejamento. O custo é expressivo. Os europeus pagam praticamente o triplo do preço pelo açúcar desses fornecedores e já anunciaram que pretendem passar a pagar menos quando as reformas entrarem em vigor.
O Brasil reclama do preço pago pelos europeus aos produtores de nações menos desenvolvidas. “Comercialmente, o país perde e vai perder ainda mais, mas é preciso considerar o caráter humanitário do programa”, diz Borges. Na Europa, com todas essas mudanças pela frente, a avaliação de empresários do setor é que a maior parte dos produtores rurais de seus países não conseguirá continuar produzindo açúcar. (M.A.R.)