Mercado

Produtores temem monopólio da Petrobras no transporte do etanol

Produtores nacionais demonstraram preocupação com o anúncio da Petrobras de assinatura do primeiro contrato de exportação de álcool carburante do Brasil para a venezuela.

O contrato marca a estréia da Petrobras como comercializadora do combustível. Os produtores temem que a Petrobras monopolize o transporte e, conseqüentemente, os preços.

A Petrobras, por sua vez, informa que investirá fortemente em logística, uma vez que possui orçamento de US$ 317 milhões para a melhoria e construção de dutos até 2010.

Ainda assim, os produtores questionam o papel da Petrobras como intermediária no negócio. Segundo a Unica, o preço médio atual do transporte da Petrobras via dutos é de US$ 40 por metro cúbico. O valor, segundo o diretor técnico Antonio de Pádua Rodrigues, representa de 15% a 20% do custo do álcool.

“Na década de 70”, diz Pádua, “40% da produção nacional passava por dutos. Hoje, essa quantidade é praticamente nula. A logística da Petrobras é tão cara que o transporte via dutos não concorre com o transporte rodoviário. A gente até vê a empresa como facilitadora de logística, mas não como facilitadora do trade (comércio). Até porque questionamos se é função da Petrobras comprar, vender e gerar lucro em cima do produtor”, diz.

O diretor de Dutos e Terminais da Transpetro (braço de transportes da Petrobras), Marcelino Gomes, esclarece que a função de trader (comercializadora) será exercida pela Petrobras holding. A Transpetro cuidará de toda a infra-estrutura de transporte e promete um alto investimento para melhorar a infra-estrutura e reduzir os preços.

“Não existe logística no Brasil preparada para oferecer esse serviço”, justifica-se Marcelino Gomes. “Os principais pólos produtores são Sertãozinho e Piracicaba e hoje não há duto que ligue o país de uma ponta a outra”.