Mercado

Produtores têm estratégias para garantir abastecimento de álcool

Os produtores de álcool combustível têm estratégias para enfrentar uma possível falta do produto. Entre as alternativas estão comprar álcool em outros países produtores ou mesmo dos estados do Nordeste, que estão em plena safra. Outra saída seria desviar o álcool de exportação para o mercado interno e, em última instância, a opção é antecipar o início da próxima safra no Centro-Sul para abril, um mês antes do tradicional.

As estratégias foram apresentadas anteontem pelo empresário Maurílio Biagi Filho, conselheiro da União da Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo – Unica, durante entrevista coletiva em Ribeirão Preto, no interior paulista. Segundo ele, o estoque chamado de passagem deverá ser de 114 milhões de litros para a região Centro-Sul e, assim, ser suficiente para atender ao consumo. “Mas é que nem sempre nós, produtores, temos informações precisas sobre o mercado e, desta maneira, é melhor contar com alternativas”.

Na opinião de Biagi Filho, presidente da Companhia Energética Santa Elisa – Cese, de Sertãozinho, 2003 será “um ano também em que o setor volta as atenções para o movimento que ocorre no mercado externo em torno do álcool, que pode se transformar em uma commodity mundial em função da procura pelo produto de países como China, Japão, Índia, México e até mesmo Estados Unidos e União Européia, sempre tão reticentes quanto ao álcool brasileiro”. O presidente da Unica, Eduardo Pereira de Carvalho, está na China em nova rodada de discussões.

A mistura do álcool à gasolina, mesmo que não seja em substituição ao MTBE (derivado do petróleo), está sendo analisada por diversos países que procuram atender às exigências do Protocolo de Kyoto, por um ar menos poluído. Esta perspectiva real, conforme Biagi Filho, abre oportunidades para o Brasil exportar o produto e sua tecnologia de produção. “O setor caminha para atravessar as fronteiras do País na área de produção”, observa.

Segundo documento divulgado pela assessoria da Cese, com base em números ainda em fase de finalização pela Unica, a estiagem que atingiu o plantio da cana reduziu a colheita em 2%. A mais nova projeção indica que foram moídas 268 milhões de toneladas de cana no Centro-Sul do País, com produção de 402 milhões de sacos de 50 quilos de açúcar e 11,2 bilhões de litros de álcool. “Temos uma capacidade instalada para fazer 15 bilhões de litros em todo o País”, observa o empresário.

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