Mercado

Produtores do Nordeste cobram promessa de Dilma de preço mínimo para a cana

Os produtores de cana do Nordeste estão cobrando a promessa da ministra Dilma Roussef, feita em novembro do ano passado,no Recife a 1.700 fornecedores, de inclusão da cana no PGPM – Programa de Garantia do Preço Mínimo do governo, e até agora não cumprida. Na época, o governo liberou uma subvenção de até R$ 5,00 por tonelada de cana, mas foi insuficiente para cobrir os custos, reclamam os agricultores e eles continuam enfrentando dificuldades.

“E muita”, diz Alexandre Andrade Lima, presidente da Unida, União Nordestina dos Produtores de cana, com sede no Recife, e presidente da Associação dos Fornecedores de cana de Pernambuco.

Os fornecedores reclamam que, por causa da dificuldade natural e atual do mercado e de seus preços baixos, em Alagoas e, principalmente, na zona sul de Pernambuco, a maioria das unidades industriais não está conseguindo honrar seus compromissos com eles.

A revolta dos fornecedores é grande, dia Andrade Lima, proprietários de 170 hectares de cana em Vicência, PE. “Sobretudo quando os fornecedores, na maioria pequenos produtores, descobrem que algumas dessas unidades estão fazendo os tratos culturais normais em seus canaviais e honrando os salários de seus trabalhadores, enquanto os fornecedores não estão conseguindo fazer os tratos, por falta de dinheiro e dos insumos caros, e nem conseguindo pagar seus trabalhadores”.

– As usinas estão plantando e adubando e o fornecedor não está conseguindo fazer os tratos culturais e nem honrando os compromissos – confirma Antonio Rosário, diretor técnico da Asplana, Associação dos Plantadores de Cana de alagoas e proprietário de 140 hectares no município de Igreja Nova, Alagoas.

– A conseqüência no curto prazo é de uma quebra na safra em torno de 20% na região Nordeste como um todo. “Pernambuco, por exemplo, que deve colher este ano em torno de 27.500 milhões de toneladas de cana, se fizer 22 milhões na próxima será muito”, antevê diz Paulo Guedes, assessor da diretoria da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco e proprietário de 800 hectares em Aliança e Itambé, PE.

Em decorrência destas dificuldades, boa parte dos produtores de cana nordestinos está cogitando abandonar a atividade. “Já tem gente abandonando, substituindo parte da cana por pecuária, boi de engorda, por meio de parcerias. Eu mesmo já destinei 20% de minha área para pasto e tenho lá 160 cabeças, em parceria, porque dinheiro pra comprar o boi eu não tenho e sozinho não dou conta de manter o regime de engorda”, informa Paulo Guedes. Ele lembra que o problema maior é social, porque transformar cana em pasto gera desemprego, uma vez que a pecuária exige pouco de mão-de-obra enquanto a cana tem demanda maior, oferece maiores possibilidades e melhores salários.

Na tentativa de pelo menos amenizar o problema, os governadores Eduardo campos e Teotônio Vilela Filho têm conversado com a ministra Dlma Roussef. Hoje mesmo estão em Brasília tratando do assunto e, além de pedir a volta da equalização – pedir nunca é demais, e o não os fornecedores já têm -, os governadores cobram de Dilma a promessa feita no Recife em novembro de 2008 (‘Tenho isto gravado”, lembra Alexandre Andrade Lima), de inclusão da cana no PGPM – Programa de Garantia do Preço Mínimo, que beneficia praticamente todas as culturas, menos a cana. Na ocasião, Dilma prometeu que iria formar um grupo de trabalho para colocar a cana no programa de preço mínimo do governo, mas o assunto ficou na prateleira .

O governador de alagoas Teotônio Vilela também apresenta a proposta de que seja aberto financiamento da Caixa Econômica Federal para que os recursos saiam diretamente para as usinas honrarem seus compromissos, entre eles com os fornecedores.