Manejo de cana no combate às pragas para evitar a redução da produtividade, as dificuldades enfrentadas com a seca e posterior geada no canavial este ano, além das expectativas para a safra 2022/23, foram a pauta de debate com participação dos produtores Fernando Martins Mendes, diretor-geral do Grupo Chapadão; Sílvio de Castro Junior, sócio-presidente da empresa Agroexport Trading e Agronegócios S/A e Paulo Rodrigues, diretor-executivo do Condomínio Agrícola Santa Izabel/CASI, durante um webinar promovido pelo Megacana Tech Show, no dia 30 de setembro.
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O diretor-executivo do Condomínio Agrícola Santa Izabel/CASI, Paulo Rodrigues, ressaltou que os produtores têm que trabalhar sempre com o manejo preventivo, para evitar problemas. Ele é o primeiro a construir o potencial da cana, com o preparo do solo, utilização de muda de qualidade e livre de pragas, com falha zero entre as fileiras, usar a variedade adequada e cuidar da manutenção. Isso reduz compactação e possibilita uma boa colheita, além do uso do terceiro eixo para minimizar o déficit hídrico, manejo de plantas daninhas e integrado de pragas e doenças, nutrição adequada, foliar e parcelamento.
“Não tem uma receita única, a ideia é aprender com a natureza. Diante das dificuldades de seca e geada deste ano, o que tem acontecido é o encurtamento da janela de manejo, até para enfrentar o risco dos incêndios, que têm trazido sérios prejuízos, e a fim de que o uso dos insumos seja mais eficaz”, diz Rodrigues.
Para Fernando Martins Mendes, do Grupo Chapadão, “um dos grandes segredos do manejo é fazer na hora certa com as tecnologias disponíveis”. Ele falou sobre algumas estratégias para enfrentar o sphenophorus levis (conhecido como bicudo da cana).
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O grupo iniciou a eliminação das soqueiras e Mendes disse que o sol e outros predadores ajudam na redução do sphenophorus. “Toda vez que colhemos a cana começamos também com o corte da soqueira, manejo químico, com resultados excelentes” afirmou. Outras medidas são a utilização de mudas pré-brotadas (MPB) de alta qualidade e da cantosi para novas áreas. Outra ação implementada pelo grupo é a lavagem das colheitadeiras, já que o sphenophorus pode se espalhar nesse processo. Além da utilização do controle biológico através da metarhizium/boveria, que chega na palha e contamina o inseto.
Variedades de cana
O presidente da Fazenda São Sebastião, Sílvio de Castro Junior, disse que sempre priorizou novas variedades, buscadas nos variados institutos de pesquisas nacionalmente. “As variedades de cana duram muito, têm algumas com mais de 20 anos que mantêm a produtividade, mas este tempo tem que reduzir, a soja, por exemplo, está durando em média 4 anos, então é preciso ser competitivo, para que não ocorra migração de produtores para outras culturas”, afirma Sílvio.
Ele também está usando biológicos, que estão surpreendendo, com eficácia e redução de custo, uma tecnologia que todos estão aprendendo a lidar. Mas, ressalta, que não é radical, tem hora que tem que entrar com o manejo químico.
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A reforma do canavial este ano, tem sido um desafio para os produtores em função da severa seca e da geada. De acordo com Paulo Rodrigues, o CASI costuma trabalhar com meiosi ou cantosi, multiplicados em setembro e outubro, na implantação dos canaviais. Mas, este ano, o clima adverso causou sérios prejuízos aos viveiros de cana. “Em Frutal a empresa perdeu 100% dos viveiros, em Jaboticabal perdeu 70% e chegou a ter problema até na MPB, com atraso de brotação e desenvolvimento aquém do desejado em função do frio”, lamentou.
Já Fernando Mendes ressaltou que na parte de reforma usa medidas alternativas como a descompactação do solo em 50 centímetros, pelo menos, e notou que, desde então, as fazendas têm tido recorde de produção. A empresa elimina a soqueira, espera alguns dias, aplica o calcário com maquinário para ficar melhor espalhado, faz a subsolação e o nivelamento do terreno com grade.
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“Vejo que muitos produtores não adotam essas tecnologias, são mais imediatistas, mas ganhamos na longevidade do canavial, em até sete cortes, contra cinco mais comuns. Estamos trabalhando para que todas as fazendas tenham sete cortes”, afirmou.
Próxima safra
As perdas apresentadas na safra atual devem se refletir na próxima 22/23. Sílvio Junior destacou que este ano teve o “pacote” completo: seca, três geadas e incêndios. Segundo ele, a expectativa era de uma colheita nesta safra de mais de 600 milhões de toneladas, mas acredita que se terá uma perda em torno de 100 milhões. “Só iremos saber o tamanho do problema depois que chover e a cana brotar. Mas, sem dúvida, teremos uma redução da oferta de produtos para as próximas safras. Mas as bases estão bem concretizadas e se terá preços razoáveis, também, porque a Índia começou um programa de produção de etanol e não irá pressionar o mercado de açúcar”, disse.
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Para Paulo Rodrigues, tudo indica que a próxima safra terá um atraso no desenvolvimento do canavial e no início da colheita. “Mesmo que se tenha uma Primavera e Verão normais tenho a impressão de que o canavial não irá se recuperar integralmente, deverá levar de dois a três anos para voltar ao normal”, afirmou.