Além das conhecidas dificuldades logísticas, um alerta chama a atenção para o cenário da agricultura brasileira na safra 2004/2005. Só em Mato Grosso, os cálculos apontam que os sojicultores terão um déficit de, no mínimo, R$ 1,5 bilhão. O alerta foi feito recentemente pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), de Goiás (FAEG), Rio Grande do SUL (Farsul) Mato Grosso do Sul (Famasul) e do Piauí, com representantes do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), do Banco do Brasil e o Banco Nacional de Desenvolvimento Sócio-econômico (BNDES).
Segundo os especialistas, o alto custo de produção e o baixo preço das commodities no mercado mundial deve gerar um prejuízo de R$ 17,5 bilhões aos produtores rurais no Brasil que precisariam investir cerca de R$ 67 bilhões na produção de soja, milho, feijão, arroz e algodão mas a receita prevista com a comercialização da produção não chegaria a R$ 50 bilhões.
Eles discutiram e propuseram mecanismos para amenizar o caos previsto pelo setor. O governador do Estado, Blairo Maggi, o maior produtor de soja do mundo, também participou da reunião.
Um dos principais elementos para o alerta foi a alta dos insumos agrícolas. Em relação à Safra 2004/05, os produtores deverão desembolsar para plantar, 37,5% a mais. E, se comparado com a safra 2000/2001, o índice vai a 65,2%. De maneira unânime, os produtores rurais e lideranças do setor representados na reunião acolheram a proposta da “compra zero”, uma medida drástica, mas apontada como forma de estancar as altas de todos os insumos agropecuários, desde agroquímicos, fertilizantes a maquinários.
“Não é desespero e sim uma grave preocupação. Mas em se continuar esta visão, o governo Federal vai acabar gastando mais dinheiro para cobrir os financiamentos vencidos, do que buscasse se antecipar aos problemas”, disse Blairo Maggi, destacando que os ministros José Dirceu (Casa Civil) e Roberto Rodrigues (Agricultura) sabem, por exemplo, da necessidade que os produtores têm de importar agroquímicos do Mercosul. “A importação é fundamental para quebrar o monopólio interno que há e reduzir em cerca de 20% a 30% os preços aqui no Brasil. Sou parceiro e vou fazer todas as ações necessárias para evitar a bancarrota”, sentencia o governador.
Para o secretário de Desenvolvimento Rural de MT e presidente da Famato, Homero Pereira, só resta a partir de agora a mobilização: “Temos consciência da nossa importância e do que o agronegócio representa ao Brasil. Sofremos concorrência de produtos de outros países, que são subsidiados pelos seus governos que consideram o setor como estratégico. No Brasil, o Tesouro Nacional não tem dinheiro, e a prorrogação do pagamento dos investimentos, melhorias nas rodovias e importação de genéricos, são deliberações mínimas do governo brasileiro aos produtores”, reivindica. (Fonte: Alerta em Rede)