Apesar de aplaudirem o memorando firmado entre Brasil e Estados Unidos para a colaboração em biocombustíveis, os produtores do setor sucroalcooleiro ficaram frustrados com a resistência americana em ceder no protecionismo. O presidente George W. Bush foi claro ao dizer que só após 2009, prazo da regra atual sobre a tarifa, pode haver mudança – e ainda dependerá do Congresso.
Fontes do setor dizem que o memorando de entendimento, assinado pela secretária Condoleezza Rice e pelo ministro Celso Amorim, foi apenas uma oficialização do que já estava em pauta.
A grande novidade seria a negociação das barreiras. Esse era o ponto nevrálgico da visita de Bush, disse o diretor-técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Pádua Rodrigues. Para ele, de qualquer forma a vinda de Bush é o início de uma negociação importante. Nunca havia ocorrido uma conversa nesse nível, de presidente para presidente. Era tudo muito informal. Daí a importância, afirmou.
O empresário e conselheiro da Câmara Americana de Comércio (Amcham), Maurílio Biagi Filho, afirmou que não se podia ter grandes expectativas em relação à redução de tarifas. Foi dado o primeiro passo.
Para o presidente-executivo da Dedini Indústrias de Base, Sérgio Leme dos Santos, o que pode impulsionar as exportações de álcool brasileiro é a padronização do combustível, para que vire commodity internacional – ponto previsto na cooperação com os EUA. Estamos dando um passo importante para consolidar o que temos construído desde a época do Proálcool, avalia.
COMEMORAÇÃO
Entre os empresários não ligados ao setor, no entanto, o memorando foi recebido como a consolidação mundial da posição de ponta do Brasil na área de biocombustíveis. Assinando o entendimento, os Estados Unidos mostraram o respeito que têm pelo Brasil, acredita o presidente da Gradiente, Eugênio Staub, que também é da diretoria do Instituto de Estudos e Desenvolvimento da Indústria (Iedi). Isto é muito bom, com perspectivas de negócios nesta área de energia, avaliou.
Para o empresário Antonio Ermírio de Moraes, presidente do Conselho de Administração do Grupo Votorantim, não há dúvida alguma de que o álcool será o combustível do futuro. Ermírio acredita que isso ocorrerá pela dificuldade de surgir um combustível renovável mais barato.
O álcool já comprovou que polui pouco e dá certo como combustível, acrescentou. Ermírio diz que na área energética o Brasil leva vantagem por ter a natureza a seu lado, por conta dos cursos de água que podem ser usados para gerar energia com hidrelétricas.