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Produtividade da cana deve dobrar até 2050

A produtividade média de cana-de-açúcar por hectare plantado deve dobrar até 2050. Além disso, no mesmo período, o aumento de eficiência esperado deve aumentar a produtividade das usinas de 82 litros de etanol por tonelada de cana-de-açúcar para 250 litros por tonelada. Essas previsões, baseadas em dados do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), foram apresentadas pelo diretor-presidente do Grupo Cosan, Marcos Lutz, na Sessão Plenária “Desafio dos Biocombustíveis”, realizada nesta segunda-feira na Rio Oil & Gas.

Com esses ganhos de produtividade, será possível produzir 500 milhões de metros cúbicos a mais no mundo, em 2050, do que o volume atual, mesmo mantendo a mesma área plantada de 2009. Lutz explicou ainda que, somente no Brasil, desde a década de 70, foram preservados 7 milhões de hectares por causa do aumento de produtividade obtido com os avanços tecnológicos.

Os dados, segundo o executivo, mostram boas perspectivas para a oferta de etanol no mundo, cuja demanda tende a aumentar devido às preocupações ambientais. O diretor presidente da Cosan ressaltou que, principalmente após a crise, grandes investidores de longo prazo entraram no negócio do etanol e que a sustentabilidade é um requisito para esses investimentos. “Para esses investidores de longo prazo, o negócio tem de estar baseado na sustentabilidade ambiental, social e econômica”, afirmou.

O Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) tem pronta uma proposta para o setor de biocombustíveis que inclui a criação de uma Secretaria Nacional de Biocombustíveis. A informação foi dada pelo coordenador do Centro de Agronegócios da FGV , Roberto Rodrigues, após as palestras do presidente da Petrobras Biocombustíveis, Miguel Rosseto, e do diretor-presidente da Cosan.

De acordo com os participantes da plenária, o setor avançou muito nos últimos anos. A produtividade por hectare aumentou, há uma preocupação cada vez maior com sustentabilidade e iniciativas para melhorar a cadeia logística e de armazenamento. Os desafios futuros, porém, ainda são grandes.

“Apenas no mercado de etanol, para absorver a demanda projetada, temos uma necessidade estimada de investimentos de US$ 60 bilhões. É Capex novo que não virá apenas do mercado financeiro, mas também de investidores estratégicos”, acredita Lutz.

A sustentabilidade aparece entre as prioridades de Lutz e do presidente da Petrobras Biocombustíveis. “Precisamos qualificar o fornecimento de matéria-prima. Isso inclui avançar nas pesquisas, tratar resíduos como matéria-prima, qualificar fornecedores e, principalmente, garantir sustentabilidade na organização da atividade econômica”, resumiu Rosseto, após listar os avanços realizados nos últimos dois anos.