A decisão da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, sigla em inglês) de incluir o etanol de cana-de-açúcar na lista do biocombustível renovável de baixo carbono poderá duplicar a produção nacional. A medida, aprovada na última terça, está sendo aplaudida pelo governo brasileiro e pelo setor privado, já que ela vem ao encontro da plataforma do governo de transformar o produto em uma commodity.
Tanto a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) quanto o Ministério da Agricultura ficaram animados com a decisão, porque ela abre espaço para uma eventual redução, ou talvez até eliminação, das barreiras tarifárias levantadas contra o etanol no exterior.
EUA poderão diversificar a matriz energética Nos Estados Unidos, por exemplo, a tarifa cobrada é de US$ 0,15 por litro de etanol e cabe ao governo americano a decisão de mantê-la ou não. A votação para decidir pela prorrogação deverá ocorrer no fim do ano.
— A decisão da EPA ressalta os muitos benefícios ambientais do etanol de cana e reafirma como este combustível avançado, renovável e de baixo carbono, pode ajudar o mundo a mitigar os efeitos do aquecimento global e ao mesmo tempo diversificar a matriz energética, inclusive nos Estados Unidos — avalia Joel Velasco, que é representantechefe da Unica em Washington, onde mora há dois anos.
Cálculos da EPA dão conta de que o etanol brasileiro reduz as emissões de gases efeitos em até 61% se comparado com a gasolina. Esta performance do produto ajuda os Estados Unidos a alcançarem as metas de segurança energética e de redução de gases de efeito estufa estabelecidas em 2007. A meta é consumir 45 bilhões de litros de biocombustível em 2010, podendo chegar a um volume de 145 bilhões de litros em 2020.
— Foi uma decisão acertada, porque ela ratifica a visão defendida pelo governo brasileiro das propriedades ambientais do produto — comenta Alexandre Strapasson, diretor do Departamento de Cana-de-Açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura.
Diesel de biomassa e etanol da celulose são opções Projeções do Ministério da Agricultura mostram que, com a decisão da agência ambiental americana, a produção nacional de etanol de cana tem potencial para duplicar nos próximos anos. A safra de cana-de-açúcar de 2009/2010 superou 527 milhões de toneladas até o fim da primeira quinzena de janeiro deste ano, gerando 22,90 bilhões de litros de etanol.
Além do etanol de cana-deaçúcar, as outras modalidades consideradas avançadas são o etanol celulósico e o diesel de biomassa, que proporcionam uma redução de gases de efeito de pelo menos 50% em relação à gasolina