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Produção de cana será 6% maior que na safra passada, prevê a Unica

A safra de cana 2005/06 da região Centro-Sul será 5,92% maior que a colhida no ano-safra anterior, segundo anunciou ontem a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica). De acordo com estimativa da entidade, a produção deverá alcançar 348,5 milhões de toneladas, um ponto porcentual acima da previsão anterior, feita no início da safra, em março. As boas condições de clima na maior parte das regiões produtoras canavieiras contribuíram para o resultado nas lavouras.

A safra está se mostrando mais alcooleira do que açucareira. Perto de 52,5% da cana colhida foram destinadas à produção de álcool. Até o início do mês, as usinas da região já haviam colhido 215,2 milhões de toneladas de cana, uma velocidade 15,8% maior do que no ano passado. Até o dia 1 de setembro, a indústria da região havia produzido 13,9 milhões de toneladas de açúcar e 8,8 bilhões de litros de álcool total – 24,3% mais que no período anterior.

O crescimento da produção só não foi maior por causa dos efeitos negativos do clima em algumas regiões produtoras, como Paraná, sul do Mato do Sul e sudoeste paulista, afetadas pela estiagem no primeiro trimestre do ano, declarou ontem o presidente da Unica, Eduardo Pereira de Carvalho. A estimativa de safra foi apresentada na sessão de abertura da Sugar Week, evento promovido pela Unica e destinado aos principais integrantes do mercado de açúcar e álcool.

Preço não foi o principal fator de estímulo para a aceleração da safra, segundo Pereira. Ao contrário, disse, uma vez que, no caso do açúcar, tudo o que se ganhou nas cotações da Bolsa de Nova York, foi perdido no Brasil por causa da desvalorização cambial. Os ganhos são limitados, afirmou. “Os custos de produção aumentaram muito e não justificam os investimentos elevados que estão sendo anunciados pelo setor”, afirmou. Para Eduardo Pereira, a realidade das usinas é bem pior do que as perspectivas de ganhos. “O número de usinas que está no vermelho e não sabe disso, é bem maior do se imagina”, acrescentou.

A afirmação do presidente da Unica causou surpresa em alguns representantes do setor. “É bem provável que a declaração seja política”, disse o dono da Usina Moema, Maurílio Biagi. As negociações para a fixação dos preços com os fornecedores de cana, em andamento, teria justificado a declaração, que expõe os usineiros à incapacidade de controlar o seu caixa.

Fontes do mercado acreditam, porém, que usinas com baixa produtividade não estão conseguindo operar no azul neste ano-safra. Os custos estão mesmo altos, confirmam. Estão entre R$ 0,60 e R$ 0,63 o litro de álcool e os preços recebidos este ano ficaram próximos a R$ 0,67. Só nas últimas semanas chegaram R$ 0,75 o litro de álcool nas usinas.