As usinas do centro-sul terão de destinar no mínimo 18,5 milhões de toneladas a mais de cana-de-açúcar para a produção de álcool na safra 2005/06 (maio-abril) em relação à 2004/05 para atender a demanda maior pelo combustível, estimou a União da Agroindústria Canaviera de São Paulo (Unica) na quarta-feira.
A entidade evita fazer projeções para a nova safra de cana, alegando que será fundamental para determinar o volume de cana disponível e o rendimento das lavouras o clima de janeiro a março de 2005. Mas ela trabalha com algumas premissas.
“Deve haver um aumento significativo da demanda por álcool no mercado interno,” disse o presidente da Unica, Eduardo Pereira de Carvalho. “E devem continuar crescendo as vendas de veículos flexíveis, assim como deve se manter a competitividade do álcool frente à gasolina,” justificou.
Na safra 2004/05, que está praticamente encerrada, o centro-sul produziu o recorde de 13,54 bilhões de litros de álcool, ante 13,07 bilhões na temporada anterior.
Considerando exportações de álcool semelhantes às realizadas em 2004 e um volume extra destinado à recomposição de estoques, a Unica prevê uma necessidade de elevar a produção do combustível em 1,5 bilhão de litros.
Para isso, seriam necessárias 18,5 milhões de toneladas de cana.
“Qual vai ser a produção adicional de cana (na 2005/06)? Não sabemos ainda. Mas este volume (para o álcool) terá de sair ou do adicional de cana ou da cana que iria para a produção de açúcar,” afirmou Carvalho a jornalistas.
Embora isso ainda dependa do clima nos próximos meses, Carvalho considera provável uma antecipação do início da próxima safra para março ou abril, a exemplo do ocorrido nas temporadas 2002/03 e 2003/04 –normalmente, a moagem do centro-sul começaria em maio.
Isso será possível porque sobraram para serem processadas da safra 2004/05 de 5 a 6 milhões de toneladas de cana, volume não pôde ser moído por causa das chuvas. Além disso, os atuais preços de açúcar e de álcool são remuneradores e justificariam um começo antecipado, se as chuvas permitirem.
“Historicamente, moemos 9 milhões de toneladas de cana (no centro-sul) até o fim de março. Em 2003/04, foram 13,7 milhões. Este ano, tudo vai depender do clima,” afirmou o diretor técnico da Unica, Antonio de Pádua Rodrigues.