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Príncipe Andrew se empolga com o álcool brasileiro

Não é todo o dia que um membro da família real mais famosa do mundo vem ao Brasil. Andrew Albert Christian Edward, o príncipe Andrew, Duque de York, de 47 anos, chegou na quarta-feira ao País para uma visita de uma semana. Avesso a jornalistas, o terceiro dos quatro filhos da rainha Elizabeth II raramente fala à imprensa, mas esta semana ele abriu uma exceção e concedeu uma entrevista ao Estado durante sua passagem pelo Rio de Janeiro, na sexta-feira.

Falar com a realeza, contudo, somente sob algumas condições. Assuntos polêmicos, como a vida pessoal dos membros da família Windsor, foram terminantemente proibidos pela chancelaria britânica. Assim, a conversa ficou restrita a amenidades, como temas ambientais, bem ao estilo do cargo que ocupa, o de representante comercial da Grã-Bretanha.

Andrew disse estar impressionado com o Brasil. Temos de estar sempre próximos do Brasil, que tem uma economia dinâmica e estável. É um ótimo lugar para investimentos, afirmou. Uma de suas maiores curiosidades foi conhecer de perto o programa brasileiro de álcool e biocombustíveis, que ela considera o mais avançado do planeta.

Nós, ingleses, não passamos pelos problemas que levaram os brasileiros a desenvolver a tecnologia do álcool como combustível. Agora, temos de correr atrás de vocês, disse o príncipe, que vê grandes possibilidades de a cana-de-açúcar abastecer os carros europeus em um futuro próximo.

Foi justamente esse um dos assunto de Andrew com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando os dois se encontraram em Brasília, na quinta-feira. Eles discutiram a possibilidade de exportar a tecnologia do álcool combustível para alguns países africanos. O álcool de cana-de-açúcar é muito mais eficiente do que o etanol feito de milho fabricado nos Estados Unidos.

Andrew fez questão de elogiar o papel de liderança do Brasil nas negociações da Rodada de Doha, da Organização Mundial de Comércio, que está paralisada por causa de um impasse entre o G-20, grupo de países em desenvolvimento e grandes exportadores de produtos agrícolas, e a União Européia, que não abre mão de uma política agressiva de subsídios para a agricultura. Temos de sair desse impasse e concluir a Rodada. O fracasso das negociações teria conseqüências graves porque os países pobres ficariam mais pobres e os ricos ainda mais ricos.

De acordo com Andrew, existe muitos pontos comuns entre a agenda comercial brasileira e a britânica. Para ele, os dois países podem trabalhar juntos na exploração de petróleo, em questões ambientais e em parcerias no setor de aviação, especialmente com a Embraer.

O príncipe quase quebrou o protocolo com um sorriso aberto quando o assunto foi a festa para 1.200 pessoas preparada pelo Consulado Britânico no luxuoso hotel Copacabana Palace, na noite de quinta-feira, em homenagem aos 80 anos de sua mãe, Elizabeth II, a quem ele só se refere como rainha. A festa foi excelente. Eu não sabia que havia tantos britânicos morando no Rio, disse o duque antes de encerrar, revelando que gostaria de voltar mais vezes ao Brasil.