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Previsão de queda na cotação da cana

O aumento da oferta de cana-de-açúcar no Centro-Sul vai derrubar os preços pagos aos fornecedores da matéria-prima. Nos últimos dois anos, a remuneração foi atraente, entre R$ 28 e R$ 29 por tonelada diante da menor oferta do produto. A expectativa para esta safra, a 2002/03, os preços devem ficar em R$ 24, queda de 15%, segundo a Associação dos Plantadores de Cana do Oeste de São Paulo (Canaoeste). A recuperação dos preços do açúcar e do álcool desde a safra 2000/01 estimulou os produtores a aumentarem a área plantada e a investirem nos tratos culturais. Reflexo disto é a maior oferta nesta colheita, estimada em 272 milhões de toneladas pela União da Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo (Unica).

Para Vitor Wanderley, diretor-gerente do Grupo Tércio Wanderley, os preços da matéria-prima deverão oscilar em no máximo R$ 24 por tonelada. Mas a seca registrada nos últimos 50 dias em importantes regiões produtoras da região Centro-Sul do País – sobretudo São Paulo, Paraná e Minas Gerais – fará com que a produção seja menor em relação à estimativa inicial, embora ainda superior à do ano passado. Segundo Wanderley, a produção no Centro-Sul deverá oscilar entre 260 milhões e 265 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, 5% inferior às estimativas iniciais, que variavam em até 275 milhões de toneladas, e 6% a mais sobre a colheita de 2001. No ano passado, a produção totalizou 248 milhões de toneladas.

O empresário José Pessoa de Queiroz Bisneto, do Grupo José Pessoa, confirma as informações de seca nas principais regiões produtoras de cana-de-açúcar do Centro-Sul. Em São Paulo, informa ele, os índices pluviométricos médios oscilaram em 25 milímetros enquanto a média histórica é de 100 milímetros.

A colheita ainda está no início e, segundo Queiroz Bisneto, a situação ainda pode se alterar, caso o efeito El Niño realmente seja confirmado este ano. “Se as chuvas retornarem neste mês de maio a situação ainda poderá ser alterada”, afirma. (Gazeta Mercantil)