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Pressão sobre cotações do álcool na região Nordeste

As usinas do Nordeste do país estão preocupadas com a ameaça de boicote por parte das distribuidoras de combustíveis que atuam na região. “As companhias ameaçam trazer álcool do Centro-Sul para forçar a queda dos preços praticados no Nordeste”, afirmou Renato Cunha, presidente do Sindicato das Indústrias de Açúcar e Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar).

As distribuidoras confirmaram ao Valor que poderão transportar álcool do Centro-Sul para os Estados nordestinos com o objetivo de baratear seus custos.

Nos Estados de Alagoas e Pernambuco, dois principais produtores de cana-de-açúcar do Nordeste, o litro do anidro está cotado em torno de R$ 0,72. Em São Paulo, o litro estava cotado a R$ 0,42, de acordo com levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) feito na semana passada.

Segundo Cunha, as distribuidoras estão pressionando as usinas para que os preços caiam para R$ 0,63. “A realidade do Nordeste é diferente da do Centro-Sul do país, onde os estoques altos pressionam os preços durante a entressafra”, disse. “Estão fazendo uma pressão psicológica para que as usinas cedam”.

Com a safra de cana de setembro a abril, a região vai produzir neste ciclo (2003/04) em torno de 1,5 bilhão de litros de álcool, praticamente o mesmo volume da safra anterior. Com a topografia acidentada, os custos de produção da região são mais altos que os do Centro-Sul. No ano passado, as usinas nordestinas venderam álcool para o Centro-Sul para garantir o abastecimento do Sul e Sudeste do país.

Para uma fonte das distribuidoras, o escoamento de álcool do Centro-Sul para o Nordeste poderá ser feito via mar, como ocorre com outros combustíveis.

Segundo José Pessoa de Queiroz Bisneto, presidente do Grupo J. Pessoa, com dez usinas em todo o país, não é a primeira vez que as distribuidoras forçam a queda dos preços. O empresário mantém uma usina em Sergipe.