Em sua primeira visita ao Brasil como presidente eleito do México, Felipe Calderón propôs ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma parceria na área energética entre os dois países. Calderón defendeu um acordo de cooperação entre a Petrobras e a Petróleos Mexicanos (Pemex) na exploração de petróleo e gás em águas profundas. Ele também pediu a Lula que os brasileiros transfiram tecnologia aos mexicanos na produção de biocombustíveis, como o biodiesel e o etanol.
— Um acordo com a Petrobras dará à Pemex acesso à tecnologia para explorar o enorme potencial de nossos depósitos, que no futuro certamente estarão voltados para as águas profundas no Golfo do México, tema no qual a Petrobras é especialista — disse Calderón.
O México é o quinto maior produtor de petróleo do mundo, mas sua Constituição determina o monopólio do Estado sobre toda a cadeia do setor (extração, refino, produção e exportação).
Brasil diz que está disposto a ceder tecnologia
Calderón teve extensa agenda em Brasília. Além da reunião com o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, o mexicano foi recebido por Lula no Palácio do Planalto, e a conversa girou em torno de uma maior aproximação política e comercial entre os dois países, com ênfase na produção de biocombustíveis.
— Estou muito interessado nos bioenergéticos e pedi a Lula apoio tecnológico para estimular o consumo desses produtos no México — disse ele.
No fim da manhã, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, mostrou a Calderón cinco carros de montadoras diferentes que utilizam a tecnologia flexfuel.
— O presidente (Lula) me ligou, recomendando que se desse ênfase à disposição do governo brasileiro em ceder tecnologia e assessorar o governo mexicano em eventuais projetos na área de biocombustíveis — disse Furlan.
Calderón participou ainda de um almoço no Itamaraty, oferecido pelo chanceler Celso Amorim. Ao chegar, ele foi recebido com um “protesto zapatista”, feito por cerca de 50 estudantes. Gritando palavras de ordem, como “fora Calderón, fora repressão”, os jovens ficaram cerca de duas horas no saguão do Itamaraty, onde entraram sem qualquer interferência dos seguranças. Os estudantes leram um manifesto pedindo mais liberdade e igualdade social no México.