Mercado

Prejuízo do açúcar bate os US$ 69 por ton

JC 167 – Os preços futuros do açúcar ainda se mantêm entre 9,5 centavos a 10,5 centavos de dólar por libra-peso na bolsa de Nova York. Os fundamentos continuam baixistas, pressionados pela oferta abundante de importantes países produtores, como o Brasil e a Índia.

Levantamento da Archer Consulting mostra que o custo de produção do açúcar no Centro-Sul do país está entre 10,99 e 11,91 centavos de dólar por libra-peso (posto na usina), considerando as usinas com 50% de cana própria.

Ainda de acordo com a Archer Consulting, levando-se em consideração os

preços e descontos atuais no mercado internacional, a usina contabiliza um prejuízo de US$ 69 por tonelada. Se a usina estiver muito longe do porto, como em Goiás, por exemplo, o prejuízo pode passar dos US$ 90 por tonelada. Se a relação cana própria mudar para 30%, o prejuízo aumenta em mais US$ 7 por tonelada.

Segundo relatório de Arnaldo Corrêa, presidente da Archer Consulting, as usinas que aproveitaram a subida do dólar há algumas semanas em função dos problemas nos títulos subprime nos Estados Unidos, o custo de produção em dólares caiu e o prejuízo recua para US$ 30 por tonelada. Para Corrêa e outros analistas, o hedge (proteção) é o melhor caminho para que as usinas sucroalcooleiras se protejam das oscilações dos preços do mercado e do câmbio.

Arnaldo Corrêa lembra que há um ano as cotações do açúcar no mercado

de Nova York estavam em 11,32 centavos de dólar por libra-peso, com o câmbio a R$ 2,16. Ou seja, para se ter o mesmo retorno de um ano atrás, com o dólar atualmente girando em R$ 1,80, as cotações na bolsa de Nova York precisariam estar em 13,58 centavos de dólar

por libra-peso. A Archer Consulting observa que nas últimas semanas de setembro há um estreitamento da diferença entre as telas de maio e julho de 2008 e também das de maio e julho de 2009. Analistas defendiam que apesar do superávit de produção da Índia, os preços

do açúcar ainda estavam em curva ascendente. No entanto, essa situação se inverteu, uma vez que as telas de julho de 2008 e julho de 2009 estão registrando forte recuo. O mercado não está convencido de que o etanol deverá segurar os preços do açúcar no médio prazo.

Ainda segundo a Archer Consulting, no auge da crise de preços do açúcar em 1999, a cotação da commodity chegou a bater 4,36 centavos de dólar por librapeso no final de maio. Considerando esse valor e o câmbio da época, de R$ 1,7220, com correção da inflação pelo IGP-M da FGV, isso daria hoje R$ 398,82 por tonelada. Isso, convertido pelo dólar de R$ 1,8040, equivale em Nova York a 10 centavos de dólar por libra-peso. Segundo Arnaldo Corrêa, a situação atual é uma “crise de 1999 disfarçada”. Naquela época, o barril do petróleo estava abaixo de US$ 15, não havia veículos flexfuel para sustentar a demanda como ocorre hoje e o dólar não registrava uma oscilação abrupta. Vale lembrar que no cenário atual, em relação àquela época, as usinas estão

mais capitalizadas e o poder de resistência à turbulência internacional é muito maior. Para a Archer Consulting, as recomendações para os produtores continuam sendo a de fixação de preços conforme o mercado soluça, ou ainda a construção de um fence – compra de uma put (opção de venda) e venda de uma call (opções de compra).