Mesmo com a alta volatilidade dos preços do açúcar no mercado internacional no mês de julho, as cotações do produto seguem firmes no mercado interno, mesmo com o avanço da colheita no Centro-Sul do país.
Levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostra que os preços do açúcar registraram queda de 4% no mês passado, por conta da colheita. A queda poderia ter sido muito maior, se a demanda por álcool no mercado internacional não estivesse firme.
A saca de 50 quilos do açúcar encerrou no dia 31 de julho a R$ 48,38, segundo o índice Cepea/Esalq. No mesmo período do ano passado, a cotação da saca estava em torno de R$ 30.
Nas últimas semanas, as usinas negociaram seus produtos para fazer caixa e reduzir seus estoques, segundo o Cepea. De acordo com levantamento do órgão, em relação à paridade de preços do açúcar entre o mercado interno e externo, cálculos do Cepea para o Estado de São Paulo indicaram que as vendas internas remuneraram 6% mais que as exportações na semana passada.
Analistas de mercado informam que o açúcar também está remunerando mais que o álcool. As usinas do Centro-Sul estão adiantando seus compromissos de exportação.
O mercado internacional trabalha há pelo quarto ano consecutivos sem excedente de produção. A expectativa é de recuperação das safras de açúcar da Índia e da Tailândia, além do Brasil, o que pode pressionar os preços internacionais.
As cotações do álcool também seguem firmes, como reflexo da atual tendência de produção voltada para o açúcar, além da boa demanda externa.
Na última semana de julho, encerrada dia 28, o litro do anidro fechou a R$ 1,032 (sem impostos), com aumento de 35,7% sobre igual período do ano passado, segundo o Cepea. No início de janeiro, entressafra da cana, o litro do anidro estava a R$ 1,08. O hidratado fechou a R$ 0,89586 o litro (sem impostos), 35% mais que igual período do ano passado. Em janeiro, a cotação estava em R$ 1,22.
Os embarques brasileiros de álcool seguem firmes e devem superar as projeções iniciais feitas pelo setor. As exportações brasileiras de álcool devem alcançar 3,5 bilhões de litros em 2006/07, 34,6% mais que igual período da safra anterior, segundo a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica). A projeção era de que os embarques repetissem o desempenho do ano passado, de 2,6 bilhões registrados no ano passado.
A expansão deve-se principalmente à boa demanda nos Estados Unidos, devido à nova legislação que obriga as petroleiras a substituir o MTBE por álcool na gasolina.
Em julho, os embarques atingiram o recorde de 500 milhões de litros, sendo que 84% desse volume foram para os EUA e o restante, para países do Caribe – que reexportam com tarifa zero para os Estados Unidos.
Conforme a Unica, esse bom desempenho não deverá se repetir no próximo ano, uma vez que os EUA estão acelerando seu programa de instalação de usinas de álcool de milho, com mais de 90 projetos em andamento.
Mesmo com os bons volumes exportados, há garantia de abastecimento no mercado interno, uma vez que o consumo no mercado interno se reduziu por conta do aumento nos preços do álcool nas bombas. Há previsão de que o consumo ficará entre 13 bilhões e 14 bilhões de litros e a produção em torno de 17 bilhões. As usinas têm capacidade para produzir 18 bilhões de litros por ano. Existem 89 projetos de novas usinas, sendo que 31 já estão em processo de montagem – 16 em São Paulo, 4 em Goiás, 3 em Minas, 3 em Mato Grosso, 3 no Mato Grosso do Sul, uma no Paraná e uma no Rio Grande do Sul. Os investimentos superam US$ 13 bilhões.