A recuperação do preço dos produtos de origem animal, especialmente o do suíno e o do boi gordo, contribuiu para o crescimento do índice de preços recebidos pelos agricultores (IPR) em 0,15% na primeira quadrissemana de agosto. A recuperação de 2,03 pontos percentuais em relação ao mês de julho foi a primeira alta do índice desde o mês de abril. A estimativa é de que agosto seja marcado pela estabilidade dos preços agrícolas.
A cotação do suíno registrou alta de 13,83%, seguido pelas aves, com 9,38%, e boi gordo, com crescimento de 4,85% nesta quadrissemana.
A recuperação do preço pago ao produtor de suínos deve-se à redução do plantel — que reduziu a oferta — e às vendas externas, que nos primeiros sete meses do ano cresceram, cerca de 12% em receita e 21% em volume, perante o registrado em igual período do ano passado, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Suína (Abipecs).
De janeiro a julho de 2003, o Brasil vendeu ao mercado externo 274,73 mil toneladas de carne suína, que geraram receita de US$ 281,8 milhões.
“Este será o ano em que o suinocultor vai recuperar os prejuízos acumulados no ano passado, quando as cotações ficaram abaixo dos custos em função da alta do milho, principal insumo da atividade”, afirma o diretor do Instituto de Economia Agrícola de São Paulo (IEA), Nelson Martin.
Embora a recuperação do boi gordo tenha sido inferior a dos suínos, a cotação dos bovinos tem maior peso sobre o índice final. Segundo Martin, o preço do boi gordo começou a subir com a entrada da entressafra, que deverá prolongar-se até o final de novembro. Além do boi gordo, entre os produtos de origem animal também destacam-se as aves. Segundo Martin, a reversão na tendência de queda reflete o controle de produção avícola, que enxugou a oferta.
Dos 19 produtos analisados pelo IEA na primeira quadrissemana de agosto, dez apresentaram crescimento no preço: algodão, amendoim, arroz, café, laranja, aves, boi gordo, leite, ovos e suínos.
Entretanto, nove tiveram reduções de preço nesta quadrissemana, como: banana, batata, cana-de-açúcar, cebola, feijão, milho, soja, tomate e trigo.
A maior queda foi verificada no tomate, com redução de 41,13% nesta quadrissemana. “O declínio do preço do tomate nos últimos meses serve como ajuste em função da alta registrada no início do ano.”
Entre os produtos de origem vegetal, o recuo nos preços dos subgrupos de grãos e olerícolas, apesar do aumento nas frutas, fez com que o preço do grupo tivesse redução de 2,41%. Já no segmento animal, verificou-se majoração nos preços de todos os produtos, fazendo com que o preço do grupo subisse 5,51%.
Recuperação das cotações de produtos animais como suínos, aves e boi gordo puxou a alta final do índice na 1ª semana do mês.