Os preços do etanol oscilaram apenas R$ 0,01 nas últimas semanas no polo produtor do interior paulista e estão se estabilizando, o que vai se refletir em breve nas bombas, já que há um atraso deste efeito em função da distribuição. Como a nova safra deve começar em março, a oferta do produto deve se normalizar e os preços podem recuar em dois ou três meses.
Mas qual é a explicação para a disparada do álcool? Pode parecer estranho que um produto 100% nacional tenha aumentado tanto e que parte da justificativa seja a crise mundial e a quebra na safra de açúcar da Índia. Mas é o argumento da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), que também coloca culpa no clima chuvoso no Sudeste, maior região produtora de cana-de-açúcar do país, durante a colheita, e na disparada do consumo.
Conforme o representante da Unica em Ribeirão Preto, Sergio Prado, a venda de carros flex aumentou muito nos últimos anos. Com a fro! ta maior e um custo relativamente baixo do álcool, subiu o consumo do combustível.
– A oferta estava grande, com o produto sendo vendido quase ao preço de custo, de R$ 0,72, R$ 0,80 por litro. Com a crise de crédito, as indústrias despejaram o álcool no mercado a preços muito baixos.
A safra vai de abril a novembro. Em 2009, Prado diz que houve atraso de um mês na moagem e havia produto ainda em dezembro.
– O inverno no Sudeste é um período de estiagem, ideal para a colheita da cana, porque ela fica madura quando está seca. No ano passado, as chuvas que caíram justamente no período da colheita prejudicaram a qualidade do produto. A safra foi maior em tonelagem, mas rendeu menos.
As toneladas de cana-de-açúcar produziram 1,8 bilhão de litros e 2,2 milhões de toneladas a menos de açúcar do que renderiam em condições climáticas adequadas, o que representou um prejuízo de R$ 3 bilhões ao setor sucroalcooleir! o. As exportações de álcool também caíram, reflexo da retração dos mercados europeu e americano.
Para completar, vender açúcar com preços lá em cima se tornou muito mais vantajoso do que oferecer álcool desvalorizado no mercado doméstico. Os empresários fizeram a opção mais lucrativa, obviamente.