O preço do petróleo teve forte alta ontem, chegando a ser cotado acima dos US$ 55 o barril em Nova York, a menos de um dólar do recorde alcançado em outubro do ano passado. Em Londres, o preço da commodity foi recorde. Desta vez, a pressão veio dos temores e especulações do mercado de que o crescimento do consumo vai superar a produção.
Mas no fim do dia o representante da Nigéria na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) sugeriu que o cartel pode elevar a produção para conter a escalada de preços, aliviando a tensão nos mercados.
O contrato para entrega em abril do petróleo do tipo Brent (referência internacional), negociado na Bolsa Internacional de Petróleo, em Londres, subiu 1,4%, para US$ 51,95 o barril. Durante a sessão, a cotação do Brent chegou a US$ 53, seu maior preço intradiário desde que os contratos futuros de petróleo Brent começaram a ser comercializados, em 1988.
Demanda cresce com vigor, sobretudo na China
Já na Bolsa Mercantil de Nova York, o preço do petróleo do tipo cru leve, para entrega em abril, avançou 1%, para US$ 53,57 o barril. Durante a sessão, os preços alcançaram US$ 55,20 por barril, sua cotação mais alta desde 27 de outubro passado. Os contratos futuros estão 52% mais caros em relação a cotações observadas há um ano.
— A demanda ainda está crescendo, especialmente na China, e a oferta disponível é finita — disse Tom Bentz, corretor do setor de petróleo do BNP Paribas Commodity Futures Inc. de Nova York.
O petróleo subiu 18% no último mês, à medida que a Opep e a Agência Internacional de Energia (AIE) ampliaram suas estimativas mundiais de consumo de petróleo.
Os administradores de fundos de hedge e outros especuladores de grande porte passaram a investir em mercados de combustíveis, pois os retornos têm sido melhores do que os do mercado de ações.
O preço da gasolina também subiu e alcançou seu recorde devido às compras dos fundos, num momento em que as interrupções da produção das refinarias ameaçam limitar a oferta do produto nos Estados Unidos. As refinarias americanas estão operando perto do limite de sua capacidade.
— O aumento das compras por parte dos fundos está tornando o mercado mais volátil — disse Bentz. — Eles estão olhando para o panorama geral e não para os dados semanais dos estoques.
Só uma recessão mundial conteria escalada de preços
O rigoroso inverno nos Estados Unidos e na Europa também é fator de preocupação entre os operadores, devido ao aumento do consumo de combustível para calefação.
— DifIcilmente o petróleo cairá abaixo dos US$ 50 este ano. A única coisa que faria isso seria uma recessão — diz Nauman Barakat, da corretora Refco, em Nova York.