Com o aumento da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que gerou reajuste no preço da gasolina no início de maio, os consumidores da Capital voltaram a abastecer com etanol. Durante o período de alta no preço do combustível, a maioria dos consumidores migrou para o abastecimento a gasolina. Agora, o efeito é contrário, como o etanol pode ser encontrado ao custo de até R$ 1,10 o litro, mais de 50% dos clientes abastecem com o combustível. A redução no preço é de 43% de janeiro a maio de 2010, já que no início do ano o preço era de R$ 1,95 o litro.
De acordo com o gerente do posto Pio XII, Jairizio Alves de Amorim, houve aumento para a gasolina desde o dia 1° de maio. O combustível está sendo comercializado a R$ 2,23 nas bombas e é comprado a R$ 2,17. Já o álcool, comprado a R$ 1,05, é vendido a R$ 1,10. “Mesmo que o combustível fique mais caro, nossa tendência está sendo baixar o preço por causa da concorrência”, explica Jairizio. Segundo ele, se os concorrentes baixam e ele não acompanha, o posto perde clientela. A medida parece funcionar: “Até agora está segurando os clientes”, diz.
Com o reajuste no valor da gasolina, a preferência do momento é o etanol. O gerente afirma que as vendas atuais de etanol representam o dobro do volume comercializado antes do reajuste. “O cliente vai a Brasília e volta com apenas R$ 50 de combustível”, exemplifica.
Além da Cide ter voltado aos patamares de janeiro, o aumento do percentual de álcool à gasolina voltou aos 25%, fatores que contribuem para que os preços do derivado de petróleo no País fiquem um pouco mais caros. Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sindiposto), Leandro Lisboa Novato, o preço dos combustíveis se mantém estável. “Houve sim um reajuste no começo do mês para a gasolina, mas depois disso estabilizou”, afirma. Ele comenta ainda que aumento no preço de compra nem sempre quer dizer aumento nas bombas: “O valor a ser comercializado varia, segundo os proprietários de cada posto”, diz.
O frentista Rosinaldo Aparecido Ferreira, do posto Caiapó, afirma que mais da metade do volume diário de abastecimentos no posto é feita com etanol.
“A diferença entre o preço do álcool e da gasolina é de R$ 1,13, ou seja, o álcool está compensando mais”, afirma. No momento da reportagem, enquanto dois carros aguardavam na fila da bomba de gasolina, mais de oito esperavam para abastecer com etanol. Apesar do reajuste, a gasolina também está em conta. No posto, esse ano, o combustível fóssil já caiu de R$ 2,78 (em janeiro), para R$ 2,35 em maio. O preço atual é de R$ 2,23, ou seja, a gasolina caiu 19,7% em relação ao início desse ano, e o etanol, 43%.
O pastor João Ferreira da Costa, 59, diz que só abastece com etanol. “Está mais barato e vale a pena”, afirma. Ele sonda os preços de combustíveis em postos da cidade e dá preferência ao mais barato. “Como os preços caem em período de safra, fica bom para o consumidor”, comenta. O pastor, que ficou cerca de 20 minutos na fila para encher o tanque, disse que gasta uma média de 70 litros de álcool por semana e não se importa em esperar: “Se o preço compensar, a gente espera tranquilo”, declara.
São Paulo registra aumento
No Estado de São Paulo, houve aumento no preço do combustível. Segundo informações do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro-SP), o valor do litro deve subir em torno de R$ 0,03 e o aumento é natural e esperado. Em fevereiro, o governo resolveu reduzir a contribuição de R$ 0,23 por litro para R$ 0,15, para conter um possível aumento do derivado de petróleo gerado pela redução do percentual de álcool no combustível. Desde o dia 30 do mês passado, o valor da alíquota voltou aos patamares anteriores.
De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), na semana terminada no dia 1º de maio, o preço médio da gasolina estava em R$ 2,437 na capital paulista. Na média do País, o litro da gasolina no período custou R$ 2,555. Já na capital goiana, até o momento, a tendência se mostra inversa. Desde o início do ano os preços da gasolina estão caindo, assim como do etanol. O que não quer dizer que não possam voltar a subir.