São Paulo, 12/05/2014 – Os preços do etanol devem começar a recuar nos postos de combustíveis do País a partir deste mês. Quase um mês e meio desde o início oficial da safra de cana, as cotações ainda estão sustentadas, ao contrário do que vem sendo observado nas usinas, onde os preços do biocombustível caíram 16,4% nas últimas três semanas. ‘O que pesou neste ano foi o atraso no início da moagem’, disse ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o sócio e diretor da Canaplan e presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Corrêa Carvalho. Devido à forte estiagem em janeiro e fevereiro, o ritmo de trabalho no início de abril estava muito aquém do esperado para esta época do ano.
Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) mostram que desde o início da temporada, em 1º de abril, o preço médio do etanol hidratado, usado diretamente nos tanques de combustíveis, caiu 14,5% nas unidades produtoras de São Paulo, para R$ 1,1881 por litro, sem impostos. Apesar disso, o produto não é competitivo ante a gasolina em nenhum Estado nem no Distrito Federal já há sete semanas.
Neste ano, o processamento da cana começou a ganhar ritmo apenas na segunda quinzena de abril, enquanto, em anos passados, as atividades já corriam firmes no mês de março. O Paraná, por exemplo, que geralmente dá a largada à moagem, iniciou as operações nos últimos dias de março por causa da seca. Assim, embora a moagem de cana esteja em níveis superiores aos de 2013, o atraso inicial comprometeu o fornecimento de etanol.
Conforme a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), o processamento na primeira quinzena de abril totalizou 12,6 milhões de toneladas, 62,5% superior ao apurado em igual período do ano passado. A produção de etanol hidratado foi de 348,42 milhões de litros (+25,6%). Já a de anidro, misturado em 25% à gasolina, cresceu 631,5%, para 166,7 milhões de litros.
Para Mirian Bacchi, pesquisadora do Cepea, é inegável que os fatores de mercado também respondem por essa firmeza nas bombas. ‘Tem sempre uma defasagem entre a queda do preço na usina e na bomba, onde o recuo, proporcionalmente, já é menor’, comentou ao Broadcast. ‘Além disso, o preço tende a ser mais estável no segmento varejista.’
(Fonte: Agência Estado)