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Preço do álcool sobe e atinge novo patamar

O preço do álcool hidratado nas usinas paulistas voltou a subir nas últimas semanas, encurtando o período de queda que normalmente ocorre após o início da safra de cana-de-açúcar. O fato já leva especialistas a crer que as cotações atingiram um novo patamar no Brasil e dificilmente voltarão a níveis registrados no passado.

O grande número de veículos bicombustíveis em circulação no País e a alta cotação dos derivados de petróleo são apontados como os principais responsáveis pela mudança.

Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP (Cepea), o preço do álcool hidratado em São Paulo subiu 2,28% na semana passada, atingindo os R$ 0,87 por litro nas usinas (sem impostos). O aumento indica que o piso da safra deste ano já ocorreu, em maio, e ficou em um nível quase 50% superior ao piso registrado na safra do ano passado.

“A realidade da demanda demonstra que teremos uma safra apertada este ano”, avalia o presidente da Câmara Setorial do Açúcar e do Álcool do Ministério da Agricultura, Luiz Carlos Carvalho.

Isso significa que não haverá tanta volatilidade entre os preços na safra e na entressafra, como ocorreu após o fim da colheita do ano passado, quando a cotação do litro subiu dos R$ 0,58 registrado em junho de 2005 para um pico de R$ 1,20 em março deste ano.

“Tomara mesmo que não voltemos a ter preços tão baixos quanto os de 2005, porque foi isso que causou os problemas do início deste ano”, ressalva a pesquisadora do Cepea Mirian Bacchi, referindo-se à crise que levou o governo a intervir no setor e reduzir o porcentual de álcool anidro na gasolina.

Segundo ela, com preços muito baixos, os consumidores correm para o álcool, usando o produto até em carros a gasolina, em um procedimento conhecido como “rabo-de-galo” – quando o motorista mistura álcool hidratado e gasolina no tanque de seu veículo, com o objetivo de gastar menos com combustível.

A corrida ao álcool, conclui a pesquisadora, provocou uma demanda insustentável para o setor, reduzindo os estoques a níveis baixíssimos e provocando, assim, a disparada nos preços.

Depois do início da safra, as cotações nas usinas de São Paulo caíram quase 40% em relação ao pico registrado em março, redução semelhante à ocorrida no ano passado. Mas, desta vez, os preços estacionaram em um nível mais alto. Além das apertadas relações entre oferta e demanda, outra explicação está na alta cotação do petróleo. “O preço do álcool hoje está muito atrelado ao preço da gasolina”, diz Mirian.