Os preços do álcool, que vinham numa escalada de alta nos últimos meses, apresentam recuo desde a semana passada, com o menor interesse de compra por parte das distribuidoras e aumento do volume ofertado pelas usinas, afirmaram corretores nesta terça-feira.
Também uma ligeira redução no consumo do combustível nos postos, gerada justamente pelo aumento dos preços na bomba, colabora para o movimento de baixa, disseram eles.
“O preço está caindo e isso é compreensível. Os tanques (das usinas) encheram, e é normal sempre haver uma pressão de venda no fim da safra porque elas não têm mais onde colocar produto”, afirmou um corretor.
Os estoques das usinas do centro-sul estão no maior nível do ano agora que a safra está acabando e o produto é acumulado nos tanques para garantir o abastecimento do mercado até abril ou maio, quando começa a próxima temporada de moagem.
Além disso, muitas precisam fazer caixa nesta época do ano, para cobrir gastos como o 13o salário de funcionários e rescisão de contratos, procedimentos típicos do fim da safra.
As dificuldades na comercialização de açúcar, reforçadas pela elevação dos fretes marítimos, também contribuem para acelerar as vendas do combustível.
“O pessoal não está conseguindo embarcar açúcar porque não tem destino. Como não conseguem gerar dinheiro para pagar os ACCs (Adiantamento sobre Contratos de Câmbio), precisam vender álcool”, afirmou uma fonte do setor produtor.
Nesta terça-feira, saíam negócios por 980 a 990 reais por metro cúbico (mil litros) de anidro, base Ribeirão Preto, ante cerca de 1.010-1.020 reais uma semana atrás.
No início de novembro, o produto chegou a ser vendido por 1.050 reais.
Mas, segundo os corretores, dificilmente a atual redução será repassada para os consumidores, até porque a tendência é que o mercado volte a subir após o fim do ano, com a perspectiva de uma oferta justa de álcool na entressafra, disseram os corretores.
A produção de álcool está menor este ano até o momento. Além disso, cresceram as exportações do produto e o próprio consumo doméstico, o que ajuda a explicar o aumento de preços nos últimos meses.