O preço médio do álcool hidratado comercializado pelas usinas paulistas entre maio e novembro de 2005 subiu 4,2% ante o mesmo período da safra passada, de acordo com cálculos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea/Esalq). Já o reajuste no preço médio do álcool anidro, que é misturado em 25% à gasolina, foi de 2,09%.
De acordo com o levantamento, o preço médio real, já deflacionado pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), do álcool hidratado nos sete primeiros meses da safra 2005/2006 foi de R$ 0,6911 o litro nas usinas, ante R$ 0,66322 no mesmo período da safra 2004/2005, sem impostos. Já o preço médio do litro do anidro subiu de R$ 0,77559 para R$ 0,79184.
Segundo a pesquisadora do Cepea/Esalq Marta Marjotta-Maístro, apesar dos poucos negócios feitos nesta semana entre usinas e distribuidoras, os preços do álcool seguem estáveis, com o litro do hidratado custando entre R$ 1,09 e R$ 1,16 em São Paulo, já com os impostos incluídos, e o litro do anidro, que não é tributado, vem sendo negociado na mesma faixa de preços.
ESTOQUES
A Câmara Setorial do Açúcar e do Álcool do Ministério da Agricultura já informou ao ministro Roberto Rodrigues que, em 1º de maio de 2006, no início oficial da safra 2006/2007, haverá falta de até 500 milhões de litros de álcool combustível no Centro-Sul. Os dados divergem da maioria das estimativas feitas até agora, que apontam para déficits entre 100 milhões e 200 milhões de litros. No entanto, o governo foi tranqüilizado pelos membros do órgão consultivo de que não haverá falta do combustível na entressafra, pois o processamento da próxima safra será antecipado para março e a maior parte da cana moída será transformada em álcool.
Mesmo com esse cenário, aliado à alta de preço de mais de 15% nos últimos 30 dias nas usinas e aos reajustes aos consumidores nas bombas – que, em muitos casos, superou 30% -, o preço do álcool deve se estabilizar. O consultor e presidente da Câmara Setorial do Açúcar e do Álcool, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, acredita que há uma conscientização em toda a cadeia sucroalcooleira, desde o produtor até os donos de postos, de que uma disparada nos preços do álcool acabaria com a credibilidade reconquistada pelo etanol.
“Além disso, hoje boa parte da frota é de carros flex fuel. Ou seja, o consumidor não é mais refém da Petrobras, no caso da gasolina, nem dos usineiros, no caso do álcool”, disse Carvalho. Com o preço do litro da gasolina em torno de R$ 2,40 nos postos do Estado de São Paulo, o valor do litro álcool poderia ser de até R$ 1,65, ou seja, próximo aos 70% de paridade para ainda ser mais vantajoso ao consumidor. Com os reajustes recentes, o preço médio do litro do álcool nos postos paulistas é de R$ 1,40, quase 60% do valor cobrado pelo da gasolina
O porcentual de 70% é apontado no setor como “limite psicológico” para que o consumidor opte por abastecer o carro com gasolina em vez de álcool. “Realmente, o preço do álcool ainda é atrativo ao consumidor, mas quem tem carro flex fuel pode optar por abastecer com gasolina”, disse Marta Marjotta-Maístro.
PRODUÇÃO
As destilarias do Centro-Sul do Brasil já produziram 14,02 bilhões de litros de álcool na safra 2005/2006 até 1º de dezembro, volume 9,2% superior ao do mesmo período da safra passada e 93,4% dos 15,01 bilhões de litros previstos para serem produzidos até o final da moagem da cana, o que deverá ocorrer até a próxima semana.
Já o consumo de álcool no mercado interno em toda a safra 2005/2006, ou seja, até maio do próximo ano, deve ficar em 13,5 bilhões de litros, que, somados à exportação de 1,9 bilhão a 2 bilhões de litros exportados, atingem uma demanda total de até 15,5 bilhões de litros.
O déficit de 500 milhões de litros será coberto com o início do processamento da safra 2006/2007 antecipado para março do próximo ano. Os estoques das usinas, próximos a 5 bilhões de litros ao final da safra, duram até o final de março, já que o consumo médio no Centro-Sul durante a safra foi de 1,125 bilhão de litros por mês.