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Preço das commodities pode reagir, dizem analistas

A forte queda das commodities ontem, no rastro de um coquetel negativo do Federal Reserve (o banco central dos EUA) e de desempenho econômico da China, poderá ser atenuada, na avaliação de analistas.

O Índice de commodities Thomson Reuters-Jefferies CRB declinou 2,5% ontem, na maior queda desde dezembro de 2011. Não só o preço do petróleo, principal commodity mundial, mas também ouro, cobre, alumínio, níquel, além dos agrícolas como milho, trigo, soja, açúcar e café tiveram variados graus de baixa.

O fim próximo da enxurrada de dinheiro barato do Fed, que provocou corridas para as commodities, e a persistente freada manufatureira na China alimentam a turbulência. O mercado tem sinais contraditórios sobre as perspectivas da economia global, efeitos de prolongado período de baixas taxas de juros sobre o crescimento e apetite pelo risco afetando investimentos em commodities.

No caso do petróleo, o tímido crescimento nos EUA e a menor expectativa de expansão na China, os dois maiores consumidores do óleo, além da recessão na zona do euro, sinalizam menor demanda no curto prazo.

Mas analistas do Instituto Internacional de Finanças (IIF), que representa os maiores bancos do mundo, notam que o próprio mercado financeiro vinha apostando na alta futura do preço da commodity, como também o cartel de produtores da Opep parece decidido a defender o barril do Brent a US$ 100.

Por sua vez, o banco francês Société Générale publicou relatório ontem prevendo uma alta no curto prazo nos preços de metais e minério de ferro por várias razões. Primeiro, estima que as importações de metal da China vão aumentar. Os preços internos estão atualmente acima dos preços internacionais e isso deve encorajar importação.

Segundo, o setor de construção na China tende a crescer. A venda de imóveis cresceu 38% este ano, enquanto a construção só aumentou 5,3%. Assim, a previsão é de que a atividade de construção aumente ao nível da venda de casas, reforçando a demanda e preços de metais. Além disso, os preços de minérios de ferro devem se beneficiar do fim de estoques. Para completar, um número de micro indicadores, como produção de eletricidade e de aço na China deterioraram fortemente em 2012, mas não pode ficar pior.

Quanto a commodities agrícolas, a Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) conta colheitas recordes e aumento de estoques globalmente, capazes de promover maior equilíbrio aos mercados no ciclo 2013/14.