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Pré-sal, etanol e Minas

Os brasileiros são partícipes do desastre ambiental ocorrido no Golfo do México ou apenas espectadores da maior catástrofe ambiental de todos os tempos entre países exploradores membros ou não da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep)? O Brasil não está imune, principalmente, se não estiver protegido por grande sistema tecnológico de exploração, tendo em vista estarmos na expectativa do pré-sal, base a cerca de 200/300 quilômetros da costa brasileira e no nível de profundidade de 5 mil a 7 mil metros, portanto, campos de exploração que exigem atualizada instrumentação tecnológica. Brasileiros são partícipes da catástrofe, porque ela alcança financeiramente o Brasil devido ao aumento do seguro de risco das plataformas do pré-sal.

Somos nós, brasileiros, também futurólogos para admitir outras catástrofes em qualquer parte do mundo, inclusive no Brasil, que hoje, juntamente com a Rússia e o Cazaquistão, lideram a produção dos países não ligados à Opep? Somos também avançados em tecnologia de exploração, pois temos previsões de sair de 2 milhões de barris/dia, para 5 milhões de barris/dia, em 2035? Somos partícipes pelo comprometimentos de investir cerca de R$ 600 bilhões no pré-sal em 10 anos de exploração? Estamos cansados de esperar a definição do Congresso Nacional sobre a divisão dos royalties entre a União, os estados e municípios brasileiros, tendo em vista o respeito ao bem federativo que significa dizer que é de todos os brasileiros.

O Brasil tem atualmente responsabilidade significativas diante da exploração de fontes de energia renováveis e, por essa razão, dá-se ao luxo de ser grande produtor mundial do etanol, biocombustível limpo que tem os Estados Unidos, Ásia, China e outros países europeus como importadores. Para reduzir o consumo de fontes poluentes, o país vem intensificando o plantio de cana-de-açúcar fonte de energia abundante cuja área plantada não afeta aquelas para culturas alimentares. O Brasil, conforme a Empresa de Pesquisa Energética (Epe), deverá manter, até 2019, o mesmo percentual de 48% de participação de energia renovável na sua matriz energética e, com isso, presume-se que o Brasil se destacará na produção de energia de fontes renováveis. A Epe revela que o Brasil servirá de exemplo, pois tem alta participação de energia renovável em sua matriz, principalmente a hidrelétrica, a eólica e o etanol crescendo. Fontes atuais na matriz energética brasileira: hidráulica – 12,7%; lenha/carvão vegetal – 9,9%; carvão mineral – 5,5%; etanol – 21,5%. O Brasil deve se tornar o país da energia limpa, sendo um exemplo para o mundo desenvolvido observar que nações emergentes podem associar o processo de exportação de petróleo e ser o primeiro do mundo na produção de combustível limpo e energia renovável.

Minas Gerais é o segundo produtor nacional de cana-de-açúcar: 56 milhões de toneladas na safra 2010/11, 2,5 bilhões de litros de etanol e 3,2 milhões de toneladas de açúcar, aumentando também o seu rendimento industrial (ATR) e produtividade agrícola média de cerca de 86 toneladas por hectare. Minas vem crescendo acentuadamente com o seu plantio de cana, chegando a cerca de 650 mil hectares no total de 41 unidades produtoras de açúcar, etanol e derivados, bem distribuídas em regiões, e alcançando 115 municípios mineiros produtores. A energia proveniente do bagaço da cana cresce também, proporcionando às indústrias a investirem mais na cogeração de energia elétrica.

Considerando a produção de etanol, Minas assumiu na safra passada a posição de segundo produtor do país e, por isso, se tornou autossuficiente na produção deste combustível, caracterizando-se como exportador, enquanto continua importador de gasolina. O governo do estado, depois de várias análises apresentadas pelo setor sucroenergético de Minas, decidiu aliviar a carga tributária do produto, reduzindo o Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS), de 25% para 22%, e aumentando o da gasolina, de 25% para 27%. Essa medida, se aprovada, beneficiará o consumidor e incentivará cada vez mais um setor que tanto vem contribuindo com a economia mineira. Exercitando sua política de apoio aos investidores na produção de etanol, assim como em outras fontes energéticas limpas, o governo de Minas avança nos estudos tecnológicos que vão resultar a matriz energética de Minas.

* José de Sousa Mota – eng. agrônomo, pres. Cooperativa Regional Mista dos Plantadores de Cana de MG