O Paraná quer avançar na produção do biodiesel e evitar uma eventual dependência futura do combustível. Apesar das pesquisas com fontes de matéria-prima estarem, relativamente, adiantadas, o Estado ainda não produz nenhuma gota de biodiesel em escala comercial. A vinda de usinas de outros estados deve mudar, em breve, esse cenário. A expectativa é de que, até o final de 2009, a produção paranaense atinja 250 milhões de litros: mais de dois terços do que o Brasil inteiro produziu no ano passado. De acordo com o coordenador do Programa Paranaense de Bioenergia, Richardson de Souza, o volume estimado leva em conta a consolidação da produção de usinas já instaladas – como a da Grenco Bioenergia S.A., em Marialva, e da Biopar, em Rolândia -, além de projeto em parceria com a Petrobras para uma usina em Palmeira, que ainda está em fase de estudo. A planta da Grenco tem capacidade para produzir 100 milhões de litros/ano: mesmo volume previsto para a usina da Petrobras, que começaria a operar no segundo semestre de 2009. Há, ainda, a expectativa de que a Biolix, também de Rolândia, retome e incremente sua produção. Para Souza, o Paraná reúne vantagens para se tornar um dos líderes na produção de biodiesel no País: é o principal produtor de grãos, tem uma agricultura familiar forte, matéria-prima farta e infra-estrutura de transporte, o que tornaria o produto mais competitivo em termos de custo. Mesmo sendo o segundo maior produtor de soja do Brasil, praticamente toda a safra paranaense da oleaginosa – principal insumo do biodiesel, atualmente – é destinada para a produção de óleo comestível e ração animal, pela vantagem do preço. A intenção é desenvolver outras culturas no Estado – de plantas mais rústicas – para o programa de biocombustível. Em seminário realizado, ontem, na Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, pesquisadores do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) apresentaram o estágio das pesquisas e tecnologias para o cultivo de oleaginosas, que subsidiam o Programa Paranaense de Bioenergia. O órgão concluiu uma publicação técnica como referência para o cultivo de amendoim, girassol, mamona e pinhão-manso e, também, o zoneamento agroclimático das três primeiras espécies. O pesquisador do Iapar, Paulo Caramori, informou que o Ministério da Agricultura já publicou portarias com o zoneamento agroclimático do amendoim e girassol (o da mamona está em processo de autorização). Além das recomendações de plantio, o zoneamento permite aos produtores rurais acessar crédito e seguro agrícolas. Falta, agora, é amarrar contratos de plantio com o setor produtivo de biodiesel. Uma das preocupações do Iapar é oferecer referência técnica de cultivo, mesmo de espécies que ainda não tem zoneamento definido, explicou o diretor técnico científico do Iapar, Arnaldo Colozzi. Segundo ele, há muitos agricultores se antecipando e investindo no plantio de pinhão-manso, por exemplo, por acreditar no potencial da espécie para produção de biodiesel. São espécies que ainda não têm cultivo, nem cadeia comercial (no Paraná). O secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento, Valter Bianchini, destacou que o governo do Estado tem incentivado os agricultores familiares a se inserirem no programa de biocombustíveis como forma de diversificar sua produção agrícola. A intenção é de que invistam na produção de oleaginosas, usando áreas menos nobres da propriedade, de maneira a não competir com a produção de alimentos. Isso para que ele tenha uma renda complementar, acrescentou.
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