Mercado

Potencial de cogeração não é aproveitado, diz empresário

Apenas 15% das usinas de açúcar e álcool existentes no país produzem energia a partir do bagaço da cana para a comercialização. “Na época do racionamento, houve grande procura pela energia proveniente do bagaço da cana, mas depois esse mercado retraiu”, afirmou o diretor-presidente da koblitz, Luiz Otávio Koblitz, que desenvolve projetos de cogeração nas em usinas e participou ontem do 3º Simpósio: Alternativas Energéticas no Oeste Paulista, realizado ontem, em Araçatuba.

Toda a quantidade de bagaço de cana e as pontas e palhas produzidas nos canaviais do país podem gerar 20% da energia do Brasil, estima Koblitz. “Se comparado ao potencial, as usinas não produzem quase nada de energia cogerada”, afirmou. “A culpa não é dos usineiros e sim da miopia que existe no sistema elétrico, que nunca quis essa energia”, completou.

A região de Araçatuba, afirma ele, tem grande capacidade para a co-geração de energia a partir da biomassa. “O bagaço da cana é a maior fonte de biomassa de que o Brasil dispõe. Os empresários de Araçatuba e região precisam se atentarem para esse fato, já que as usinas produzem apenas energia para o próprio sustento”, disse.

Para produzir energia elétrica, as usinas precisam fazer várias modificações, como substituição de caldeiras, de turbinas, motorização dos acionamentos e implementação de máquinas de condensação.

O investimento para a produção de energia a partir do bagaço é alto: cada quilowatt instalado, custa, em média, R$ 1,5 mil. Uma usina que produz um milhão de tonelada de cana, terá 40 megawatts instalado, explica Koblitz. Nesse caso, o investimento necessário é de R$ 60 milhões. O retorno financeiro, afirma, é obtido em seis anos.

“Outra vantagem desse tipo de energia é que ela é regionalmente distribuída. As grandes hidrelétricas consomem muito dinheiro na linha de transmissão. A energia do bagaço de cana não consome verba com elas”, explica. As usinas repassam essa energia para as concessionárias, que pagam em média R$ 90 pelo megawatt/hora.

EXEMPLO – A usina de açúcar e álcool Equipav, de Promissão, foi a pioneira, na região, a produzir energia a partir do bagaço da cana para comercialização. De acordo com o gerente de departamento de proteção ambiental, Mauro Calderero Ross, a usina iniciou a co-geração em outubro de 2002. A Equipav, que investiu cerca de R$ 48 milhões para reestruturar a usina, atualmente vende a energia para a Eletropaulo. “A energia produzida na usina é suficiente para abastecer uma cidade com 250 mil habitantes”. A usina vende a energia por R$ 120 o megawatt. O retorno financeiro é esperado em seis anos, diz Ross.

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