O presidente do Sindicato dos Postos do Município do Rio de Janeiro, José Luiz Mota Afonso, afirmou que as distribuidoras de combustíveis já vendem o álcool a R$ 2 aos revendedores e que novos reajustes no preço ao consumidor do produto são inevitáveis.
Segundo ele, o preço de distribuição (pago pelos postos) estava em R$ 1,60 ao final de dezembro. Passou para R$ 1,70 em janeiro, quando, de acordo com Mota Afonso, os produtores de álcool descumpriram o acordo de manter inalterado o preço do álcool na porta da usina a R$ 1,05. Neste mês, já bateu em R$ 2 e a tendência, diz, é subir ainda mais. No caso da gasolina, os postos pagam de R$ 2,30 a R$ 2,35 por litro.
Ao consumidor, o litro do álcool era vendido na semana passada a R$ 1,761 na média nacional, alta de 1,03% em relação ao preço médio praticado na semana anterior (R$ 1,743). Já a gasolina subiu bem menos -de R$ 2,501 para R$ 2,506. Em São Paulo, o álcool sofreu aumento de 0,2%, passando de R$ 1,528 para R$ 1,534.
Mota Afonso diz que não há órgão que regule o mercado de álcool, o que permite o risco do desabastecimento por não haver estoque regulador do produto. Oficialmente, cabe à ANP (Agência Nacional do Petróleo) fiscalizar e regular o setor de álcool.
O presidente do sindicato sugere que o governo crie um imposto de exportação de álcool com o objetivo de desestimular as vendas externas e evitar o desabastecimento do mercado doméstico. Segundo ele, o crescimento das vendas do produto para China, Japão e Venezuela explica a menor oferta de álcool e, conseqüentemente, os aumentos de preço.
“Fizeram esse acordo com o governo [de manter preços], que não foi cumprido. Os usineiros fazem o que querem. Vejo mais uma vez o Brasil quebrar uma estrutura de fornecimento de álcool, como nos anos 90, quando praticamente acabaram os carros a álcool porque não havia produto, pois a preferência era exportar açúcar”, disse Mota Afonso.
Menos adulteração
O Sindicom (Sindicato Nacional das Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes) informou que as vendas de álcool no Estado de São Paulo subiram 54% em janeiro em relação a igual mês de 2005. No Brasil todo, o crescimento médio foi de 8%.
A expansão das vendas coincidiu com o período em que o álcool anidro (misturado à gasolina) começou a receber corante laranja em sua composição para evitar adulterações.