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Postos de AL começam a ficar sem álcool

Proprietários de veículos a álcool que precisaram abastecer seus carros ontem foram surpreendidos: o combustível não foi encontrado em vários postos de Maceió. A escassez que começou há mais de uma semana pode se agravar em pouco tempo. Isso é o que revela o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Alagoas (Sindicombustíveis). “Se medidas não forem tomadas em curto prazo a tendência é que falte mais álcool”, informou o presidente do sindicato, Mário Jorge Uchôa.

Na semana passada, dois proprietários de postos de combustíveis em Maceió – na Ponta Verde e Farol – procuraram o presidente do Sindicombustíveis para reclamar da falta do produto.

Ontem, a universitária Patrícia Falcão Silveira esteve em quatro deles, nos bairros da Cambona e do Poço, e não encontrou álcool para abastecer seu veículo, um Gol. “Fui a quatro e não consegui. Pensei em colocar gasolina, mas sei que pode causar problemas ao motor do carro”, contou.

De acordo com Mário Jorge Uchôa, ações desencadeadas pelo governo federal para disciplinar a compra do álcool acabaram por influenciar a diminuição da oferta de álcool.

A Agência Nacional de Petróleo (ANP) determinou no fim do ano que o álcool anidro – usado na composição da gasolina recebesse corante. “Isso foi feito para evitar fraude e acabou refletindo aqui. Para amenizar esse problema sugerimos ao governo baixar o ICMS de 27% para 13%, deixando no mesmo patamar de Pernambuco e São Paulo por exemplo”, destacou o presidente do Sindicombustíveis. Uchôa declarou, ainda, que algumas companhias nacionais já estão sem álcool. “Isso refletiu em Alagoas também”, acrescentou.

Em um posto de combustíveis do Poço, o álcool está faltando há mais de 15 dias. Nesse estabelecimento, a demanda de motoristas que procuram o produto é por volta de 30%. A gerente do posto, Maria Gorete Pereira, declarou que a falta se deve ao preço do álcool, que, segundo ela, está elevado. “Onde eu comprava o valor do litro está por R$ 1,89. É muito caro, porque nós vendíamos a R$ 1,85 o litro. Em outra distribuidora está por R$ 1,76. Mas o ganho é muito pouco. Ainda estou resolvendo a quem vou comprar”, disse.

O frentista Valmiro Alves de Santana conta que muitos motoristas têm, em vão, procurado álcool no posto onde trabalha. “Muita gente tem procurado. Mas há muitos dias estamos sem álcool”, ressaltou.

Segundo Mário Jorge, a falta do combustível em alguns postos deve-se ao preço, considerado alto. “Muita gente está deixando de comprar por causa do preço. Em Alagoas, 50% do mercado de álcool é clandestino”, acrescentou o presidente do sindicato.

Eliane Farias, gerente de um posto na Cambona, declarou que a procura tem crescido nos últimos meses. No estabelecimento está faltando álcool há dois dias. “Alguns clientes já nos procuraram para falar sobre a falta em Maceió”, disse.

A entressafra e o aumento das vendas de veículos bicombustíveis são fatores que também contribuem para a escassez do álcool em alguns postos de combustíveis.