Editorial
O Indicador Cepea/Esalq do álcool hidratado recuou pela terceira semana consecutiva, com uma queda de 13,4% desde o início de fevereiro. Na última semana de fevereiro, o preço médio do álcool nas usinas ficou em R$ 0,7107/litro (sem impostos). Bom para o consumidor, péssimo para o produtor de cana, que se vê sufocado em uma crise de preços aparentemente sem solução em um curto prazo.
O grande problema reside no aumento substancial da oferta de álcool, não acompanhado pela demanda, que até cresceu, mas não com o mesmo vigor. Diversos produtores deixaram de cultivar pastos ou plantações de milhos e passaram para cana-de-açúcar. O consumo, entretanto, não acompanhou este aumento da produção, mesmo com todo aquecimento na venda dos automóveis flex – como ficou conhecido os automóveis que podem ser abastecidos por gasolina e álcool.
A atual defasagem entre demanda e oferta tem gerado preços mais acessíveis ao consumidor. Há quem diga, porém, que os valores, considerados baixos por parte dos consumidores, poderiam ser ainda menores. As distribuidoras de combustíveis, na visão de produtores e usineiros, representam o único elo da cadeia produtiva do álcool que tem lucrado com os valores baixos, já que contam com um maior poder de negociação em relação às usinas, que estão com estoques mais e mais cheios por conta de uma entressafra cada vez mais curta.
A solução para os produtores de álcool é viabilizar a produção para mercados estrangeiros, ainda incipientes na compra do etanol brasileiro. Para que isso aconteça, é imprescindível que o álcool seja avaliado por certificação internacional que garanta a sustentabilidade do modelo de produção. Por enquanto, as usinas se mantêm competitivas por conta das exportações do açúcar, enquanto quem sofre mais mesmo é o agricultor, que recebe um preço de R$ 35/tonelada da cana, enquanto gasta cerca de R$ 50. Não à toa, a safra deste ano tem previsão de redução de 10%. Já há quem reze por dias melhores…