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Pólo petroquímico baiano enfrenta desafios

Alto custo da matéria-prima (nafta e gás natural), plantas defasadas e infra-estrutura deteriorada. Esses são os principais entraves do setor petroquímico na Bahia, segundo o doutor em economia Oswaldo Guerra.

Desafios e alternativas para a reestruturação da indústria petroquímica baiana, que respondeu por 55% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado em 2006, foi o foco do seminário de lançamento da revista Bahia, Análise & Dados – Petroquímica na Bahia, realizado ontem (15) no Hotel Mercure, no Rio Vermelho. A iniciativa reuniu diversos representantes do setor, a exemplo do presidente da Petroquisa, Manuel Carnaúba, e do presidente da Bahiagás, David Magalhães.

De acordo com Guerra, hoje a matéria-prima é o fator determinante de competitividade do setor, chegando a representar 70% dos custos de produção de uma central de insumos. “Um dos grandes desafios do segmento é buscar matérias-primas mais baratas”, opina.

Ele acredita que o aumento da oferta de nafta (derivado de petróleo utilizado como principal matéria-prima da indústria petroquímica); a proximidade dos principais mercados consumidores, que basicamente estão no sul e sudeste do país, e a busca por fontes alternativas de matéria-prima, a exemplo do álcool, são boas alternativas para a reestruturação do setor no estado.

Quanto à possibilidade da utilização do gás natural para a substituição da nafta, o economista diz não acreditar na oferta do produto a longo prazo. “O gás não só está caro como não tem”, garante.

Para ele, a Braskem (líder no Pólo Petroquímico de Camaçari) e a Petrobras (fornecedora de matéria-prima) precisam definir o que é que eles pensam a respeito da indústria petroquímica na Bahia. “Os novos polos petroquímicos podem ser mais competitivos”, finaliza o economista, se referindo aos futuros complexo petroquímicos brasileiros que estão sendo construídos nos estados de Pernambuco e Rio de Janeiro.

O presidente da Petroquisa, Manuel Carnaúba, concorda com Guerra, afirmando que o preço do petróleo tem impactado muito na indústria petroquímica, principalmente no custo da nafta. “Além do petróleo estar subindo de preço, o mundo vem crescendo. Uma série de fatores que não aconteciam está acontecendo”, diz.

Para o dirigente, o Centro de Integração do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que está sendo construído no município de São Gonçalo, pode ser uma grande saída para baixar da produção, já que o complexo utilizará o petróleo pesado, muito mais barato do que o leve (atualmente utilizado).

O presidente da Bahiagás, David Magalhães, disse que atualmente o estado produz uma quantidade de gás natural suficiente para atender à demanda da indústria química na Bahia, mas, segundo ele, o grande problema é que o gás natural está sendo utilizado como backup para o setor elétrico. “O gás como matéria-prima não é problema. Além da defasagem, falta política industrial no Brasil”, finaliza.

A revista

De responsabilidade da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (Sei), a publicação analisa a situação do setor no estado, traçando um panorama histórico e as perspectivas futuras, além de lembrar o aniversário de 30 anos do Pólo petroquímico de Camaçari, inaugurado em 1978. “O nosso objetivo é criar um diálogo entre entidades governamentais e agentes econômicos privados”, revela o diretor da Sei, Geraldo Reis.

Destinada a formadores de opiniões e especialistas do setor, a revista está disponível na sede da Sei, localizada na Avenida Luiz Viana Filho, 435, 4ª avenida, 2º andar, no Centro Administrativo da Bahia (CAB).