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Política se mistura aos pedidos pela refinaria

De projeto comercialmente viável à bandeira partidária, a construção da refinaria do Norte fluminense ganha dimensão nacional no embate travado entre o grupo político do secretário de Segurança Pública, Anthony Garotinho, e o governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva. O assunto divide técnicos e políticos, sobre a forma como o estado do Rio conduz sua reivindicação, na disputa com os estados nordestinos, como Pernambuco, que conta com a simpatia de Lula.

Tanto a governadora Rosinha Matheus quanto Garotinho vêm sendo criticados pelo uso da refinaria como bandeira de negociação política com o Planalto, já que firmam posição pela defesa do projeto, quando se opõem à construção do oleoduto.

Para Rodrigo Serra, professor do curso de mestrado de Planejamento Regional e Gestão de Cidades, da Universidade Cândidos Mendes, a coloração política da luta pela refinaria tem um ponto de partida correto, pelo perfil que a Petrobras sempre teve de “agência de desenvolvimento”, apesar de reconhecer que hoje ela se preocupa mais com resultados gerenciais. De qualquer forma, ele vê um risco:

— Se a Petrobras está interessada como estatal em desenvolver região, pode abrir mão da ciência econômica. Mas se o argumento for esse, a gente perde para outros estados, por causa dos royalties. A petrobras pode brigar pela rediscussão da distribuição dos royalties. E isso ainda não foi colocado na pauta pelo governo. Assim que este confronto engrossar, esse ás na manga pode ser colocado na mesa.

“Nós estamos aberto a negociações políticas, mas não vamos ceder à espoliação”, argumenta o secretário de Minas e Energia e Indústria Naval Wagner Victer, aquele que é considerado o operador técnico do projeto da refinaria, em nome da governadora, e que ganhou contornos mais visíveis com o debate na Câmara Federal, sobre a construção do oleoduto e o projeto da refinaria do Norte fluminense, há três semanas.

Para Victer, o último debate em Brasília atuou para dar visibilidade em todo país ao projeto da refinaria, e à intenção da Petrobras de construir um duto até São Paulo: “Nós conseguimos adubar o fortalecimento de nossos motivos, conseguimos legitimidade dos nossos argumentos, em nível nacional. Essa legitimidade nos coloca em uma posição de negociação política muito boa”.